Para Comte, as instituições de seu tempo são transitórias, por sofrerem forte influência da Igreja e da filosofia metafísica, e estão marcadas pela “anarquia” intelectual.
Nesse contexto, o Positivismo viria para por ordem nessa “anarquia”, servindo como um processo de reforma das mentalidades. No entanto, uma dificuldade para se implantar o regime positivo foi encontrada dentro do próprio grupo de cientistas, uma vez que, muito especializados em determinados assuntos, não conseguiam enxergar o beneficio para o todo da ciência. A solução para isso seria uma educação universal, que possibilitaria uma “visão de conjunto”.
Na educação das classes superiores, existe uma predominância do metafísico e do literário, e carência do elemento positivo. Dessa forma, reproduz-se o tipo social próprio da antiguidade, possuidor de aversão pelos trabalhos manuais. Para Comte, isso gera uma inaptidão para a vida real, uma vez que se coloca a estética acima do útil.
Propõe-se uma instrução pública positiva, estendida também ao proletariado, pois os positivistas acreditam que essa classe possui maior predisposição à educação positiva, uma vez que não foram doutrinados pelo ensino metafísico (chamados de “tábula rasa”).
O saber positivo afastaria os trabalhadores da ambição material e da anarquia, reforçando o gosto pelos trabalhos práticos e a aceitação pelo “lugar social” a que pertencem. Para Comte, a política popular adequada, ligada aos interesses reais do proletariado, só é possível com o Positivismo, pois ele rompe com a vontade de participação política. Já o estudo metafísico não seduz as massas porque não consegue satisfazer suas necessidades essenciais. O Positivismo concentra-se na vida real, e afasta-se das ilusões.
Ao invés das discussões dos direitos, a apreciação dos deveres essenciais; ao invés da posse efetiva do poder político, a continua participação do poder moral (poder moral = exigir aos governos o cumprimento de deveres essenciais).
Embora o cristianismo tenha sido importante para universalizar a moral (moral politeísta transformada em monoteísta), é um obstáculo no avanço das ciências modernas. A moral religiosa tem como objetivo a salvação individual, pessoal, e a sociedade é um mero aglomerado de indivíduos reunidos ao acaso. Ou seja, ela não acredita na “função social” como a filosofia positiva, que prevê a sociedade como ente maior que o indivíduo. A solidariedade é o centro da organização social para o positivismo (“ligação de cada um a todos”).
Para os ideais positivistas, a felicidade está associada ao bem público, que se sobrepõe ao parâmetro pessoal de felicidade (felicidade deixa de pertencer à dimensão sobrenatural e passa à dimensão terrena).
Para Comte, a implantação do positivismo levaria à formação de uma moral essencialmente humana, neutralizando as “divagações religiosas”, como por exemplo, o divórcio. O positivismo realça o aspecto humano da moral porque associa inteligência e sociabilidade, estimulando as relações da vida social.