Ao longo da Terceira Parte do Curso de Filosofia Positiva de Auguste Comte entra-se em contato com visões particulares do autor acerca de seu positivismo relacionado a questões do social (agitação política, classes sociais, moral religiosa e a busca pela felicidade).
Comte disserta a respeito da necessidade de uma reforma das mentalidades como forma de substituir a anarquia intelectual, que é fonte da estéril agitação política. Para tanto seria necessária a superação de conflitos relacionados à intensa especialização cientifica em nome de uma visão que privilegie o todo, despertando, assim, uma visão de conjunto e uma educação universal.
A visão do autor quanto às classes sociais é a de defender a manutenção dos lugares sociais. Existem duas ordens de inteligência (empreendedor e operador direto), de maneira simplificada, a primeira pensa, enquanto a segunda executa. Ocorre uma substituição da perspectiva de participação no poder político por uma “indispensável participação contínua no poder moral” para o proletariado (considerado como tabula rasa pelo autor por ter maior predisposição a educação positiva).
Congruente a manutenção dos lugares sociais a moral resultante da experiência positivista (moral essencialmente humana), traz a sobreposição da sociedade em relação ao individuo (“homem propriamente dito não existe, existindo apenas a Humanidade”), preceito contrario ao da moral cristã, que coloca como finalidade do individuo a busca pela salvação (pessoal) e coloca o bem publico como objetivo final da busca pela felicidade, dando maior importância a essa felicidade relacionada ao bem publico do que à felicidade de ordem pessoal.
É possível notar nesse discurso de Augusto Comte que seu ideal de Humanidade, de primazia da sociedade sobre o indivíduo, de busca da felicidade no bem publico vem paulatinamente sendo substituído por um forte individualismo reforçado pelo incentivo da mídia ao consumismo e ao narcisismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário