Em "Curso de filosofia positiva", Augusto Comte caracteriza o positivismo como a defesa do método, o distanciamento entre observador e objeto estudado, a objetividade científica. Critica conceitos abstratos que parecem ser científicos, usando como exemplo a psicologia, pois haver psicólogos que leram Bacon e Descartes não constitui ciência objetiva de conclusões concretas.
O autor institui o positivo como etapa final da compreensão de mundo. Declara que é necessário que o homem passe pelas etapas teológica e metafísica, porque são maneiras de se enxergar e explicar o mundo. Deus e a natureza serem explicações últimas de fenômenos demonstram tentativa de entendimento, o que é indispensável para se estabelecer o regime científico do positivismo (sendo Bacon, Descartes e Galileu precursores do mesmo).
De acordo com Comte, a sociedade industrial só pode ser compreendida pela física social, que completa os fundamentos da ciência moderna. A física social é posta como parte de todo o conjunto da ciência, necessária para o entendimento social e dependente do conhecimento de todas as outras áreas (menos importantes, na hierarquia "evolutiva" de conhecimento do autor). Apenas fundamentando-se em todas as outras áreas do conhecimento, o físico social pode tirar conclusões seguras de seus estudos.
A proposta positivista se baseia, fundamentalmente, em: conhecimento das leis mais gerais, sociais, chamadas "leis lógicas" dos fenômenos, sendo a estática as condições orgânicas (individuais) e a dinâmica o fluxo social efetivo (espírito coletivo); instaurar uma educação geral, destruindo a divisão da ciência em ramos independentes; combinação de conhecimento de várias áreas da ciência para a construção de um conhecimento científico de fato, positivo; e acabar com a "anarquia intelectual", gerada pelo convívio das três filosofias diferentes (teologia, metafísica e positivismo) pela instituição da filosofia positiva.
Para Augusto Comte, a desordem político-social decorre da desordem intelectual. Portanto, é preciso fixar a teoria positiva para que não haja mais revoluções intelectuais e, consequentemente, sociais. Para fixar o positivismo, embora possa levar muito tempo, o autor defende a redução do número de possibilidades de explicação para os fenômenos pelo apreço ao método, até que um dia se chegue a apenas uma aceitável.
Comte explicita a importância da teoria como interpretação do mundo e da prática como transformação da natureza e diferencia a ciência (teoria) e a técnica (aplicação). Para superar sua fragilidade física, o ser humano alia a teoria à prática na forma da engenharia. Mas a teoria é posta como a base racional do conhecimento positivo, já que a filosofia positiva busca as leis do universo mais do que vislumbra o mundo concreto.
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