Diziam: só a ciência é farol,
Só a lógica é sol.
A emoção? Ruído.
A memória? Distração.
A pele? Apenas cor,
Nunca contribuição.
Ergueram castelos de pedra e saber,
Mediram o mundo com réguas de poder.
Quem sentia demais era posto de lado,
Quem falava de dor, era silenciado.
Na sala de aula, a voz que tremia
Não cabia na fórmula da sabedoria.
Na história contada com capa e medalha,
Esqueceram quem sangra, quem luta, quem falha.
O progresso marchava — mas quem dirigia?
Quem segurava o livro? Quem definia?
No altar da ciência, queimaram mitos,
Mas criaram novos deuses — brancos, estritos.
Grada grita: “Não sou teu objeto,
Sou sujeito, sou corpo, sou verbo completo!”
E entre versos, memórias e ancestrais,
Ela rasga os mapas coloniais.
Porque saber não mora só no microscópio,
Mas também no corpo que dança e chora,
Na avó que conta, no povo que ora,
Na ferida aberta que nunca vai embora.
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