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segunda-feira, 14 de abril de 2025

“Saberes rasgados”

Diziam: só a ciência é farol,

Só a lógica é sol.

A emoção? Ruído.

A memória? Distração.

A pele? Apenas cor,

Nunca contribuição.


Ergueram castelos de pedra e saber,

Mediram o mundo com réguas de poder.

Quem sentia demais era posto de lado,

Quem falava de dor, era silenciado.


Na sala de aula, a voz que tremia

Não cabia na fórmula da sabedoria.

Na história contada com capa e medalha,

Esqueceram quem sangra, quem luta, quem falha.


O progresso marchava — mas quem dirigia?

Quem segurava o livro? Quem definia?

No altar da ciência, queimaram mitos,

Mas criaram novos deuses — brancos, estritos.


Grada grita: “Não sou teu objeto,

Sou sujeito, sou corpo, sou verbo completo!”

E entre versos, memórias e ancestrais,

Ela rasga os mapas coloniais.


Porque saber não mora só no microscópio,

Mas também no corpo que dança e chora,

Na avó que conta, no povo que ora,

Na ferida aberta que nunca vai embora.


Lívia Pocobello Zacariotto, 1º Ano - Direito (Matutino)

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