A teoria do positivismo, criada por Auguste Comte no século XIX, propõe que a sociedade deve ser orientada pela ciência, pela razão e pela ordem. Para Comte, o progresso só seria possível com base em conhecimentos objetivos e verificáveis, deixando de lado crenças e ideologias subjetivas. Essa perspectiva teve um impacto significativo na formação da República no Brasil, refletindo-se no lema “Ordem e Progresso”, que ainda está presente na nossa bandeira, lema esse que é uma adaptação direta de uma das máximas do positivismo: “O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”.
Hoje em dia, podemos perceber essa herança positivista no cenário político brasileiro, especialmente em áreas técnicas da administração pública. Essas áreas buscam implementar políticas fundamentadas em dados e evidências. Setores como saúde, educação e segurança têm avançado em métodos de gestão mais científicos, alinhando-se à visão de Comte sobre um governo guiado pela racionalidade. A valorização da meritocracia e da burocracia profissional também são resquícios dessa visão tecnocrática.
Atualmente, a política brasileira enfrenta um período de intensa polarização, instabilidade nas instituições e crises de confiança nas lideranças. Isso foge dos ideais positivistas de ordem e estabilidade. Além disso, a teoria de Comte, que prioriza a razão em detrimento da participação popular, se mostra limitada diante da complexidade da democracia contemporânea, que pede diálogo, pluralismo e a escuta ativa da sociedade. O positivismo, ao privilegiar uma visão hierárquica e tecnocrática da sociedade, pouco considerava a diversidade de vozes e experiências presentes no tecido social.
Assim, embora elementos do positivismo ainda estejam
presentes no Brasil, especialmente no campo técnico e administrativo, o
contexto atual exige uma abordagem mais equilibrada — que combine racionalidade
e ciência com participação democrática e sensibilidade social. Essa integração
é fundamental para responder aos desafios contemporâneos de forma mais
inclusiva, ética e eficaz.
Anna Lívia Izidoro Ferreira, 1° Direito matutino
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