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segunda-feira, 14 de abril de 2025

o mundo está fora de ordem?

 Vivemos tempos em que a palavra "ordem" parece ter perdido seu sentido. O mundo, com todos os seus avanços tecnológicos e discursos de progresso, mostra-se cada vez mais desordenado, não por falta de regras, mas pela ausência de justiça, empatia e humanidade. E poucos exemplos ilustram essa desordem com tanta força quanto a situação da Palestina. A ordem, em sua essência, deveria ser um instrumento de equilíbrio: proteger os vulneráveis, garantir dignidade, preservar a paz. Mas quando a ordem serve apenas aos interesses dos mais poderosos, ela se torna uma fachada — uma "paz" construída sobre o silêncio dos oprimidos. E é exatamente isso que vemos no conflito israelense-palestino: uma distorção do conceito de ordem, onde o direito internacional é constantemente violado sem consequências reais.

 A ocupação, os bloqueios, os bombardeios e o silêncio de muitas potências mundiais escancaram uma hierarquia de vidas: algumas merecem luto, outras apenas estatísticas. Essa seletividade ética denuncia um mundo que perdeu seu eixo moral, onde interesses geopolíticos e econômicos se sobrepõem à compaixão e à justiça.

A Palestina é, assim, não apenas uma causa, mas um espelho: nela vemos refletido o descompasso entre o discurso dos direitos humanos e sua aplicação seletiva; entre a promessa de paz e a prática da guerra; entre a ordem jurídica internacional e a impunidade institucionalizada. Enquanto crianças palestinas crescem sob escombros e cercas, e enquanto suas vozes são abafadas pelo barulho das armas e pela indiferença global, o mundo segue seu curso desordenado e normalizando o inaceitável, convivendo com a barbárie como se fosse parte do cotidiano.

Falar da Palestina, portanto, é falar da urgência de reorganizar o mundo, de restaurar princípios que foram soterrados pelo cinismo. É lembrar que enquanto houver um povo oprimido, a humanidade inteira estará em dívida consigo mesma.

Matheus Nicolau Cremm de Sousa - 1° ano - direito noturno

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