O mundo, apesar de tudo, se mostra em aparente
normalidade. O trânsito anda, os mercados funcionam, as crianças vão para a
escola e as pessoas vão todos os dias trabalhar. À primeira vista, tudo parece
em ordem. Mas basta um pouco de reflexão para perceber que há algo de errado
com essa ordem, ela foi moldada para manter de pé uma estrutura que adoece,
exclui e finge estabilidade. A ordem está fora do mundo porque ignora as dores
reais que sustentam sua aparência.
Afinal, como falar em ordem quando metade da população
brasileira vive com insegurança alimentar? Como enxergar progresso se o
progresso é privilégio de poucos? É nesse ponto que percebemos que o sistema
atual só se mantém porque separa o que é real do que é conveniente. Assim como
denunciava C. Wright Mills, a ausência da imaginação sociológica faz com que os
indivíduos não reconheçam que seus problemas pessoais estão diretamente
conectados a estruturas amplas de dominação. E é exatamente assim que essa falsa
ordem se perpetua: silenciosa, mas cruel.
O que vivemos, portanto, não é um "mundo fora de
ordem", mas sim uma "ordem fora de mundo" , uma lógica que não
serve à maioria, mas que se traveste de progresso e estabilidade para parecer
legítima. Trata-se de um sistema que nos ensina a aceitar, não a questionar.
Que valoriza a produtividade, mas despreza a dignidade. Que promete futuro, mas
só entrega sobrevivência.
Conclui-se, então, que o grande desafio não é
restaurar uma suposta ordem perdida, mas sim construir uma nova realidade.
Porque de nada vale uma engrenagem perfeita, se as vidas esmagadas por ela
seguem invisíveis.
João Marcos Borges Silva - 1º ano - Direito (noturno)
Trabalho extra
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