Sigmund Freud, em sua análise psicanalítica sobre a formação dos indivíduos a partir do inconsciente, explica a influência das instituições sociais em nossas formas de agir, pensar e sentir. Segundo o pensador, podemos atribuir o papel de castração da primeira infância à família sobre o indivíduo, tolhendo seus instintos mais primários para a adequação moral social. Nessa perspectiva, a coerção e punição originam-se dentro do núcleo familiar, onde acredita-se ser um espaço de amor, segurança e confiança. Entretanto, podemos observar o reflexo tirano dessa conduta dos sujeitos no funcionamento da política para a escolha de líderes de Estado. Exemplos disso são a adoração de figuras como Hittler e Mussolini, ou ainda Jair Bolsonaro e outros símbolos em ascensão da extrema direita pelo mundo. É possível compreender a popularidade que toda a ideia desse sistema constitui nos indivíduos ao analisar sob a ótica de Freud. Reproduzimos no macro o que vivemos na nossa microsfera, e acreditamos que aqueles que nos punem, seriam aqueles que nos amam, afinal, a coerção vem a primeira vez de nossos familiares.
Paralelamente, Emile Durkheim explica essa lógica de comportamento pelo fato social, em que, sempre externo, a sociedade o produz, não os indivíduos, portanto é sempre anterior a eles. Reconhece-se sua legitimidade, e sua função é de coordenar as relações interpessoais. Nesse sentido, ele intercede pela educação do ser social, impõe regras e interioriza a culpa diante dos seus atos, tal qual Freud também demonstra. O funcionalismo atribui que todo e qualquer fenômeno social possui uma significação para a sociedade como um todo, ou seja, que não há fenômenos sociais isolados e racionais ou sem significados, mas todos integrados no sistema. Assim, observamos a necessidade de uma educação reflexiva e crítica acerca do mundo que vivemos. Questionar nossos comportamentos tem como pressuposto entender que eles possam ter se moldado com as causas eficientes, que se vinculam ao ordenamento geral do organismo social de forma que se tornaram naturalizadas.
Portanto, entende-se como uma educação repressora pode contribuir para a presença de regimes autoritários. A psicologia do fascismo consiste em um instrumento para uma sociedade ressentida e frustrada integrar-se em nome de uma justificativa para seu fracasso, tendo como base um líder que usa de valores conservadores para a justificar a funcionalidade do corpo social. Uma formação libertadora, a principal via para um projeto democrático de cidadania e bem comum, se faz presente no combate a ideologias de ódio e de falso cunho salvacionista, em que há uma clara imposição de visões e de comportamentos aos quais não se chegaria espontaneamente, assim como o funcionalismo nos ensina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário