O filme Madame Satã (2002), foi tema de debate na
VI Semana de Sexualidade e Gênero da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da
UNESP. O longa conta a história de João Francisco dos Santos (Lázaro Ramos), mais
conhecido como Madame Satã, figura emblemática da luta contra preconceitos
raciais, sexuais e de gênero.
Morador da Lapa no Rio de Janeiro, João levava uma vida
de malandro, foi alvo de 26 processos durante sua vida, chegando até a matar um
policial em 1928. Além disso, era um capoeirista talentoso e utilizava-se desse
talento para se defender nas ruas cariocas. Apresentava-se travestido com
roupas femininas em cabarés cantando canções românticas, indo contra o sistema
machista predominante até os dias atuais.
“Desordeiro. Pederasta passivo. Usa suas sobrancelhas raspadas e adota atitudes
femininas, alterando até a prória voz. Não tem religião alguma. Fuma, joga e é
dado ao vício da embriaguez. Exprime-se com dificuldade e intercala, em sua
conversa, palavras da gíria de seu ambiente. É de pouca inteligência. Não gosta
do convívio da sociedade por ver que esta o repele, dados seus vícios. É visto
sempre entre pederastas, prostitutas, proxenetas e outras pessoas do mais baixo
nível social. Inteiramente nocivo à sociedade.”
Essa
é a descrição de Madame Satã encontrada em um dos 26 processos que sofreu,
revelando o preconceito da justiça brasileira. Satã foi a primeira artista
travesti do Brasil e serve de inspiração para muitos artistas até os dias atuais.
O
julgamento da ADO 26, em 13 de junho de 2019, tem interrelação com o assunto.
Na decisão, os ministros decidiram enquadrar a LBGTfobia aos termos da Lei nº
7716/89 (lei que versa sobre o racismo, perseguição religiosa etc). A ministra
Cármem Lúcia foi clara em seu voto ao dizer que o legislativo não pode ser
omisso nesse assunto, visto que milhares de pessoas são mortas devido à LGBTfobia,
esse argumento foi sustentado pelos outros 7 ministros favoráveis.
Essa
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, demonstra avanços na luta
LGBT. Apesar disso, o site do g1 afirma que a cada 23 horas é registrada uma
morte por homofobia no Brasil, é fato que ainda são necessárias drásticas mudanças
sociais para que a população LGBTQ+ tenha
uma vida digna e livre de preconceitos.
Camilla Garcia - 1º ano NOTURNO
Texto Extra
Nenhum comentário:
Postar um comentário