Madame
Satã, um filme de 2002, baseado em fatos reais retrata João Francisco dos Santos,
ou artisticamente referido como Madame Satã. Foi um travesti, negro e
homossexual no Rio de Janeiro, mais especificamente bairro da Lapa (conhecido
na época por seus cabarés), na década de 1930.
O
filme retrata muito bem a exclusão das minorias sociais. Uma das cenas que
evidenciam isso com clareza é a ida à boate “High life club”, lugar frequentado
majoritariamente pela elite. João e seus amigos são barrados na porta e como
resposta madame Satã agride os seguranças. Outra cena impactante é, João sendo
preso por homicídio em decorrência da homofobia.
Ainda assim,
o número de ataques a população LGBT só foi aumentando durante muito tempo, há
de se informar que o Brasil é o pais que mais mata e discrimina transexuais e
afins, também é relevante informar que segundo o Grupo Gay da Bahia em 2013,
com os dados referentes ao ano de 2012, a violência homofobica e transfobica
cresceu 166% em relação a 2011, tendo sido registradas 9982 violações, das
quais 310 foram homicídios.
Referente
ao cine debate ocorrido na VI Semana de Sexualidade e Gênero, as palestrantes
relataram de forma veemente a luta das pessoas LGBTs, dando enfoque às travestis.
Por muito tempo essa parcela da população foi enfaticamente excluída da
sociedade e criminalizada. Como prova, assim como foi dito na palestra podemos
citar a Operação Tarântula (ou caça às travestis), ocorrida no Rio de Janeiro durante
os anos 1970 e 1980. Tais atos consistiam em travestis e prostitutas se
cortarem para que policiais não as relassem por medo de DSTs, em especifico
AIDS, e assim não as prendessem e matassem.
McCann,
trabalha sua obra em cima da mobilização do judiciário em perspectiva de seus usuários,
tendo em vista que as minorias sociais devem buscar seus interesses e valores,
e assim subverter os princípios do direito, o utilizando como ferramenta de
interação política e social.
Diante
desta análise, tem-se a ADO26 referente a criminalização de atos LGBTfóbicos,
aprovada pelo STF em 2019. Com a ação de inconstitucionalidade por omissão o judiciário
buscou reduzir as manifestações de homofobia bem como transfobia persistentes
na sociedade, assim regulamentando algo que há muito tempo deveria ser feito
diante da situação de vulnerabilidade persistente á esta comunidade.
Perante
os fatos supracitados é possível concluir que tais enfoques sociais, ainda sim frente
às realidades tão equidistantes, a mobilização do direito é essencial. Pois,
diante da omissão do legislativo, e ainda de minorias tão frágeis e invisibilizadas
por parte da sociedade. Madame Satã é a representação dessas minorias em
busca de direitos, estes muitas vezes só adquiridos pela mobilização do
judiciário.
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