Émile Durkheim, ao criticar a análise
ideológica, sugere o estudo da sociedade como ela é, não como ela deveria ser. Émile
defende a análise que vai das coisas para as ideias, para que tenhamos um
processo científico confiável com o mínimo de interferência ideológica. É uma
referência aos ídolos da mente de
Bacon, que obstaculizam a busca pela verdade científica.
Ao contextualizarmos essa teoria
com a situação dos dias atuais, conseguimos compreender a preocupação de
Durkheim. Hoje em dia é possível observar vários excessos na percepção da
sociedade brasileira sobre ela mesma. Demoniza-se várias instituições, organizações
e grupos, em um caso grave de metonímia, onde alguns ramos podres geram uma
sensação de desconfiança sobre a árvore inteira, como por exemplo, os policiais
corruptos que mancham a imagem da corporação, os vândalos que fazem a sociedade
ver as manifestações como “baderna”, os islâmicos tratados como terroristas por
conta de extremistas, dentre outros. Todas essas constatações acontecem por que
fazemos a famigerada análise ideológica.
Durkheim introduziu também o
conceito de fato social. O fato
social é o ato em sociedade do homem, que independe do indivíduo e conta com
coerção. Em suma, as leis são fatos sociais, pois são externos ao indivíduo,
valem para toda a sociedade e fornecem coerção caso essa regra social não seja
cumprida. O fato social também transparece nas camadas comuns da sociedade. Por
exemplo, quando um indivíduo rouba uma toalha e é linchado por transeuntes,
ocorre uma reação violenta de coerção em resposta a uma situação de possível
anomia, já que o crime é universalmente reprovado pelos membros da sociedade.
Esse conceito não se aplica apenas
a assuntos legais, na lei positivada: até beber em uma festa é um fato social.
Mesmo não sendo uma norma escrita com penas definidas, o ambiente da festa
universitária, ao definir que o normal é embriagar-se, faz o indivíduo ter uma
tendência a beber, sob a pena de ser taxado como anormal naquele ambiente.
Mesmo que não o aconteça, apenas a ideia de ser socialmente excluído para um
animal essencialmente social funciona como uma coerção forte o suficiente para “forçar”
as pessoas a utilizar-se do álcool ou até de outras substâncias. Pode parecer
uma opção individual, mas há alguma decisão que seja originalmente e puramente
nossa?
Diego Sentanin Lino dos Santos,
Turma XXXV - Diurno
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