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domingo, 25 de março de 2018

Fato Social e Análise Ideológica na contemporaneidade

Émile Durkheim, ao criticar a análise ideológica, sugere o estudo da sociedade como ela é, não como ela deveria ser. Émile defende a análise que vai das coisas para as ideias, para que tenhamos um processo científico confiável com o mínimo de interferência ideológica. É uma referência aos ídolos da mente de Bacon, que obstaculizam a busca pela verdade científica.
Ao contextualizarmos essa teoria com a situação dos dias atuais, conseguimos compreender a preocupação de Durkheim. Hoje em dia é possível observar vários excessos na percepção da sociedade brasileira sobre ela mesma. Demoniza-se várias instituições, organizações e grupos, em um caso grave de metonímia, onde alguns ramos podres geram uma sensação de desconfiança sobre a árvore inteira, como por exemplo, os policiais corruptos que mancham a imagem da corporação, os vândalos que fazem a sociedade ver as manifestações como “baderna”, os islâmicos tratados como terroristas por conta de extremistas, dentre outros. Todas essas constatações acontecem por que fazemos a famigerada análise ideológica.
Durkheim introduziu também o conceito de fato social. O fato social é o ato em sociedade do homem, que independe do indivíduo e conta com coerção. Em suma, as leis são fatos sociais, pois são externos ao indivíduo, valem para toda a sociedade e fornecem coerção caso essa regra social não seja cumprida. O fato social também transparece nas camadas comuns da sociedade. Por exemplo, quando um indivíduo rouba uma toalha e é linchado por transeuntes, ocorre uma reação violenta de coerção em resposta a uma situação de possível anomia, já que o crime é universalmente reprovado pelos membros da sociedade.
Esse conceito não se aplica apenas a assuntos legais, na lei positivada: até beber em uma festa é um fato social. Mesmo não sendo uma norma escrita com penas definidas, o ambiente da festa universitária, ao definir que o normal é embriagar-se, faz o indivíduo ter uma tendência a beber, sob a pena de ser taxado como anormal naquele ambiente. Mesmo que não o aconteça, apenas a ideia de ser socialmente excluído para um animal essencialmente social funciona como uma coerção forte o suficiente para “forçar” as pessoas a utilizar-se do álcool ou até de outras substâncias. Pode parecer uma opção individual, mas há alguma decisão que seja originalmente e puramente nossa?

Diego Sentanin Lino dos Santos, Turma XXXV - Diurno

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