Em razão das transformações provocadas pela Revolução
Francesa em 1789, a posse dos meios de produção passou a permitir que seus
detentores estabelecessem salários não concernentes ao trabalho realizado e que
se apropriassem da diferença não paga aos trabalhadores. Karl Marx, em sua obra
“O Capital”, de 1905, chamou esta diferença de valor apropriada de mais-valia e
propôs a conversão dos meios individuais em meios sociais de produção, através
da socialização dos meios de produção e extinção das classes sociais.
Apesar de inovadora, a proposta socialista apresenta
ressalvas: se a estatização favorece o igual acesso aos recursos econômicos
produzidos coletivamente, por outro lado restringe em certo nível a liberdade
individual. Neste ponto, o sistema apresentado pode encontrar entraves, uma vez
que o panorama social e econômico predominante até os dias atuais não só
permite como valoriza o consumo individual. Além disto, o socialismo proposto
por Marx, embora se declare igualitário, defende os direitos da classe
trabalhadora, sem referir-se à igualdade de direitos a que todos os demais
cidadãos, quer trabalhadores ou não, devem possuir.
Desta forma, conclui-se que embora a proposta de Marx tenha
sido um marco pela inovação sugerida, ela possui contradições inerentes às suas
próprias ideias básicas, tal qual o capitalismo. A plena igualdade social
depende da consciência coletiva pautada na solidariedade e no bem coletivo,
construção que não se efetiva de maneira sólida pela mera imposição deste ou
daquele sistema econômico, independente das possíveis propostas sociais que
possam existir por detrás deles.
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