Se fizermos uma rápida
pesquisa em uma universidade pública brasileira sobre certas características dos
alunos, o que iríamos constatar é que a maioria vem de um grupo social
privilegiado socialmente que, sem culpa nenhuma, estudando nesses centros de
estudos de excelência, mantêm a característica elitista da educação superior pública
brasileira. Fazendo essa análise vem o questionamento se esse retrato é reflexo
apenas do “materialismo histórico” de desigualdades seculares, ou se isso seria
apenas uma desculpa dogmática do problema crônico em nosso País? Para esses
questionamentos Max Weber nos auxilia para um melhor entendimento acerca dessas
questões sociais em suas obras.
Não se pode valer do
materialismo histórico baseado no fator econômico para explicar todas as
questões sociais, pois a realidade nos mostra em mil facetas e seria algo
demasiadamente simplista colocar a causa da maioria dos problemas no fator
econômico, e sim é necessário atentar-se a causas mais profundas como é o caso
citado anteriormente a respeito do perfil dos estudantes das universidades públicas
brasileiras. A essa questão vale a análise do paradoxo existente entre vivermos
em um Estado Democrático de Direito e de fato estarmos vivendo em uma sociedade
de privilégios, na qual as classes favorecidas são as que possuem a melhor
educação, a saúde de melhor qualidade, o maior respeito de autoridades, entre
outros privilégios que não cabe neste momento ser explorado. É evidente que
nessa, e em qualquer outra análise, a generalização é burra e deve ser
repelida, pois nesse exemplo dos alunos de universidade pública há pessoas que
agiram racionalmente para atingir o objetivo de estudar em um curso de qualidade,
motivados por razões diversas e não fazem parte da elite social. A essa ação
social Weber classifica de “Ação racional com relação a um objetivo” e não se
podem excluir esses atores do objeto de estudo social.
Portanto, não podemos fazer
análises unilaterais a respeito de determinado fato social sem ao menos colocar
na balança outras variantes no estudo que se mostram pertinentes no resultado
final. O dogmatismo não auxilia em nada um estudo completo e mais perto da
realidade concreta, e sim nos prende ao mundo das ideias e nos faz refém de
algo acabado, tornando-nos papagaios ideológicos, que sem meios intelectuais para
externar ideologias próprias fundamentadas em análises coerentes com a
realidade, apenas repetimos ideias já ditas tomadas como verdades absolutas.
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