do
fanatismo da Ku Klux Klan à Igreja Maradoniana
A visão weberiana da análise
sociológica, diferentemente da marxista, prega o uso do método não para o rigor
da interpretação política, mas para a proposta de uma interpretação mais
objetiva e menos ideológica. Weber, antes de tudo, defende o distanciamento da
ciência de valores pessoais para a preservação da neutralidade de método e de análise.
O cientista social seria, portanto, muito mais um mero interpretador de dilemas
já postos e acabados do que um analista político e econômico. Para ele, as leis
da ciência são meios e não fins em si. Criam-se,
assim, referências metodológicas; um padrão como ponto de origem , de partida e
não como conclusão a ser atingida. O tipo ideal, a referência analítica weberiana,
aparece como ferramenta para à pluralidade de conceitos, como instrumento de
superação ao dogmatismo limitante do materialismo histórico de Marx.
O tipo ideal, consequentemente, é
material para quaisquer análises sociológicas. Se, por exemplo, busca-se traçar
o perfil médio de um cristão praticamente, no mundo ocidental, o resultado
final seria variável de acordo com o método aplicado. Ao se fazer uso da
dialética marxista, o indivíduo objeto de investigação, ou seria um burguês
conservador crente na religião como mantenedora da tradição, dos bons costumes
e da ordem, ou, um trabalhador alienado pelo ópio da promessa divina; não seria
nada muito, além disso, ou branco ou preto, metaforicamente. Por outro lado, por
meio do tipo ideal weberiano, vê-se uma capacidade mais realista e abrangente
de conceituação. Se para a dialética marxista, provavelmente, o cristão
religioso ou seria o conservador burguês ou o trabalhador corrompido, para
Weber, o cristão seria, inicialmente, um indivíduo enquadrado em certo perfil,
mas nunca estritamente isso. O tipo ideal, como dito anteriormente, é o início
da classificação, o princípio da pesquisa, nunca seu fim.
O tipo ideal, assim, encontraria
possibilidades múltiplas à formação de um perfil médio, por exemplo, para o
cristão ocidental. Ele poderia ser idealmente, branco, mas com o tempo se transformaria
em elemento negro, indígena ou oriental. Ele poderia ser, idealmente, um segregador
racial, membro da KKK, mas com o tempo passar a ser identificado dentro de uma
cultura libertina, uma cultura de surfistas , como a da igreja Bola de Neve.O
cristão ideal , poderia, idealmente, ser um defensor da masculinidade à moda
antiga e ao estilo de Clint Eastwood e de John Wayne, no entanto, poderia
transformar-se em um travesti membro da Igreja Cristã Metropolitana , essa
voltada para o público gay e para trabalhadores da indústria do sexo.Esse
cristão objeto de estudo, poderia, idealmente, ser um idolatra dos mais
variados tipos de santos, entretanto, poderia também transformar-se em devoto
da Igreja Maradoniana.
O tipo ideal, em conclusão final,
é recurso ilimitado ao estudo social. Ele é mais atual do que nunca no sentido
que permite uma análise complexa e multifacetária do fenômeno sociológico contemporâneo.
É ferramenta flexível, no tempo e no espaço, ao enxergar uma sociedade onde a
unidade proletária, burguesa e ideológica, como um todo, é cada vez mais sutil.
É uma arma para o período atual onde nada é mais branco e preto, mas tudo muito
cinza, verde, azul, laranja e sem cor.
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