Hoje, tive que acordar cedo.
Uma anormalidade: é domingo! O dia amanheceu frio, o que dava ainda mais
preguiça de levantar. Com muito custo, saí de casa. Hoje foi o dia do concurso
público da Câmara da cidade, eu tinha um horário a seguir. Encontrei-me com
minha amiga, e fomos juntas até o local de prova, conversando. Tudo me lembrava
dos dias de vestibulares, só que com uma pressão menor. Bem menor...
Chegamos ao local de provas.
Cada uma de nós se dirigiu à sua sala. A fiscal conferiu meu RG com os dados da
inscrição, falou para que eu entrasse e assinasse a lista de presença que se
encontrava com a outra fiscal. Assim o fiz, e, logo depois, me virei para as
carteiras em busca de alguma que estivesse livre e em um lugar que me
agradasse. Fui até o fundo da sala e me sentei. Logo, uma mulher jovem que
estava na minha diagonal puxou conversa. Perguntou – e também as respondia,
falando de si mesma - se eu tinha estudado, para qual cargo me candidatara, se
eu já tinha feito outras provas nesse estilo e...
E, sem querer, eu não estava totalmente na conversa. A última aula de Sociologia invadiu a minha mente. Max Weber, o sociólogo da complexidade... Os tipos sociais, desmistificados com uma análise mais detalhada da situação. O exemplo do professor, daquela sala, daquele grupo da faculdade do qual faço parte. O meu novo exemplo: aquela sala de aplicação de provas de concurso. Que tipo social poderíamos formar a partir daquele grupo de pessoas que se encontravam na sala? Quão genérico ele seria? Eu entenderia a complexidade do todo se fizesse uma leitura superficial daquelas pessoas, baseadas em um conceito prévio, obtido apenas da minha observação? Ah, e que insistentes foram meus olhos em observar cada pessoa que entrava na sala, enquanto estava nesses pensamentos!
E, sem querer, eu não estava totalmente na conversa. A última aula de Sociologia invadiu a minha mente. Max Weber, o sociólogo da complexidade... Os tipos sociais, desmistificados com uma análise mais detalhada da situação. O exemplo do professor, daquela sala, daquele grupo da faculdade do qual faço parte. O meu novo exemplo: aquela sala de aplicação de provas de concurso. Que tipo social poderíamos formar a partir daquele grupo de pessoas que se encontravam na sala? Quão genérico ele seria? Eu entenderia a complexidade do todo se fizesse uma leitura superficial daquelas pessoas, baseadas em um conceito prévio, obtido apenas da minha observação? Ah, e que insistentes foram meus olhos em observar cada pessoa que entrava na sala, enquanto estava nesses pensamentos!
A conversa (?) prosseguiu,
agora, também com a participação de uma menina ainda mais jovem que eu, que
tinha se sentado na minha frente. Era realidade, era fato: a diferença entre
nós três se mostrava já nas poucas primeiras palavras ou até visualmente. Grupo
social, oportunidades de escolaridade. Cor. E, da minha análise inicial um
tanto quanto racionalista demais, determinista demais, nada sobrou. Sobrou apenas
um pensamento: a individualidade de cada ser HUMANO.
Quando terminamos a prova, já
era hora do almoço (se é que o almoço tem uma hora determinada – o fato é que
estávamos com fome). Eu e minha amiga resolvemos almoçar juntas. Dentre os mais
diversos assuntos da nossa conversa, mais uma vez Weber se fez presente em meu
dia, porque em cada uma de nossas falas era visível que, apesar de, aparentemente
podermos ser enquadradas no mesmo “tipo social”, nossas convicções, nossa educação,
nossa cultura, a combinação entre dualidade entre razão X emoção e os mais
diversos fatores nos diferenciava, nos individualizava. Tornava-nos únicas.
Pessoas diferentes, com ações sociais diferentes... Esse é o pensamento de
Weber, que pode ser contraposto com o de Durkheim: enquanto este último coloca
a sociedade sobreposta ao indivíduo, Weber coloca o indivíduo sobrepondo à
sociedade.
Complexo... Pensamentos
complexos da sociologia. Pensamentos complexos que só o são porque a sociedade,
em si, é complexa, não?! E esses pensamentos complexos acompanharam toda a
minha individualidade que voltava para casa...
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