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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Meu domingo weberiano



Hoje, tive que acordar cedo. Uma anormalidade: é domingo! O dia amanheceu frio, o que dava ainda mais preguiça de levantar. Com muito custo, saí de casa. Hoje foi o dia do concurso público da Câmara da cidade, eu tinha um horário a seguir. Encontrei-me com minha amiga, e fomos juntas até o local de prova, conversando. Tudo me lembrava dos dias de vestibulares, só que com uma pressão menor. Bem menor...
Chegamos ao local de provas. Cada uma de nós se dirigiu à sua sala. A fiscal conferiu meu RG com os dados da inscrição, falou para que eu entrasse e assinasse a lista de presença que se encontrava com a outra fiscal. Assim o fiz, e, logo depois, me virei para as carteiras em busca de alguma que estivesse livre e em um lugar que me agradasse. Fui até o fundo da sala e me sentei. Logo, uma mulher jovem que estava na minha diagonal puxou conversa. Perguntou – e também as respondia, falando de si mesma - se eu tinha estudado, para qual cargo me candidatara, se eu já tinha feito outras provas nesse estilo e...
                E, sem querer, eu não estava totalmente na conversa. A última aula de Sociologia invadiu a minha mente. Max Weber, o sociólogo da complexidade... Os tipos sociais, desmistificados com uma análise mais detalhada da situação. O exemplo do professor, daquela sala, daquele grupo da faculdade do qual faço parte. O meu novo exemplo: aquela sala de aplicação de provas de concurso. Que tipo social poderíamos formar a partir daquele grupo de pessoas que se encontravam na sala? Quão genérico ele seria? Eu entenderia a complexidade do todo se fizesse uma leitura superficial daquelas pessoas, baseadas em um conceito prévio, obtido apenas da minha observação? Ah, e que insistentes foram meus olhos em observar cada pessoa que entrava na sala, enquanto estava nesses pensamentos!
A conversa (?) prosseguiu, agora, também com a participação de uma menina ainda mais jovem que eu, que tinha se sentado na minha frente. Era realidade, era fato: a diferença entre nós três se mostrava já nas poucas primeiras palavras ou até visualmente. Grupo social, oportunidades de escolaridade. Cor. E, da minha análise inicial um tanto quanto racionalista demais, determinista demais, nada sobrou. Sobrou apenas um pensamento: a individualidade de cada ser HUMANO.
Quando terminamos a prova, já era hora do almoço (se é que o almoço tem uma hora determinada – o fato é que estávamos com fome). Eu e minha amiga resolvemos almoçar juntas. Dentre os mais diversos assuntos da nossa conversa, mais uma vez Weber se fez presente em meu dia, porque em cada uma de nossas falas era visível que, apesar de, aparentemente podermos ser enquadradas no mesmo “tipo social”, nossas convicções, nossa educação, nossa cultura, a combinação entre dualidade entre razão X emoção e os mais diversos fatores nos diferenciava, nos individualizava. Tornava-nos únicas. Pessoas diferentes, com ações sociais diferentes... Esse é o pensamento de Weber, que pode ser contraposto com o de Durkheim: enquanto este último coloca a sociedade sobreposta ao indivíduo, Weber coloca o indivíduo sobrepondo à sociedade.
Complexo... Pensamentos complexos da sociologia. Pensamentos complexos que só o são porque a sociedade, em si, é complexa, não?! E esses pensamentos complexos acompanharam toda a minha individualidade que voltava para casa...

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