René Descartes, em seu livro “O Discurso do Método”, defende
a ideia de que a razão deve permear todos os domínios da vida humana, tendo
como objetivo a superação da superstição e do senso comum. Por outro lado,
Francis Bacon, em “Novum Organum”, diz que a mente precisa ser guiada pela
experiência e pela observação, criticando o uso da dialética, pois ela corromperia
os caminhos para a verdade.
O Direito, um fator importante na justiça social, tem em sua
base a razão e a dialética, sendo uma junção das ideias de Bacon e Descartes.
Porém, como o Direito não é neutro, ele precisa acompanhar as mudanças sociais,
então, foi necessário a renovação e adaptação dos métodos dentro desse campo
para que, cada vez mais, o Direito cumprisse sua função na sociedade e,
principalmente, nos movimentos sociais atuais.
Um exemplo disso é o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto,
MTST, que tem como objetivo lutar pela reforma urbana e garantir moradia
àqueles que não a possuem por conta da desigualdade social. Entretanto, embora
a luta seja justa e suas ações estejam dentro da lei, o movimento é muito
julgado e difamado pela mídia, podendo haver uma relação com a ideia de Bacon
sobre os Idolos do Foro: “... as palavras, impostas de maneira imprópria e
inepta, bloqueiam espantosamente o intelecto.” (pag. 14), ou seja, a sociedade
monta uma imagem desse movimento através da manipulação da mídia. Mesmo com
essa situação, o MTST tem o direito legal de ocupar e, ao mesmo tempo, faz com
que o Direito seja ocupado, já que a intenção do movimento – justiça – coincide
com a do Direito.
Consequentemente, é possível notar que o Direito está sendo
ainda mais ocupado ao longo dos tempos, através dos movimentos sociais e das
suas adaptações para cumprir sua função. Embora Descartes tenha publicado “O
Discurso do Método” no século 17, ele traz uma ideia que pode e deve ser
aplicada no âmbito social até hoje: “E bom saber que alguma coisa dos hábitos
de diferentes povos, para que julguemos os nossos mais justamente e não
pensemos que tudo aquilo que tudo quanto é diferente dos nossos costumes é ridículo
e contrário à razão.”
Marcella Medolago - Noturno - Turma XXXV.
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