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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Uma Teia Universal

    Com um fundo musical de suspense e tensão, começa o diálogo entre dois das três principais personagens do filme "Ponto De Mutação" - originalmente Mindwalk" -, baseado no romance homônimo de Fritjof Capra. No longa-metragem, Jack e Tom são amigos, norte-americanos, e reencontram-se após um tempo afastados devido à mudança deste a uma ilha na França. O primeiro é um senador pelos Estados Unidos, e procura o companheiro na esperança de um escape da rotina da candidatura à reeleição, refugiando-se no local.
    Em uma visita a um ponto turístico, um remanescente da Idade Média, ambos iniciam um debate sobre temáticas como o "Dia do Juízo", conceito que ganhou variadas conotações ao longo dos anos. Logo se deparam com um relógio na torre, e, ainda argumentando, levam a discussão aos ouvidos de uma terceira personagem, Sonia, uma física quem também abandonou a América após descobrir que seus experimentos seriam usados para fins de guerra.
    Um escritor, um político, uma física. A representação de três visões muitas vezes tão diferenciadas faz caminhar o roteiro à base de muita filosofia, ciências exatas e até poesia, perpassando autores como Descartes - na análise sobre o funcionamento do homem analogamente ao bom estado de um relógio -; Francis Bacon - no conceito de uso da natureza - e Newton - na retomada da perspectiva cartesiana. De forma bastante justificada, faz-se uma profunda interpretação da realidade do universo por meio das relações humanas, descritas tanto pela filosofia quanto pela física, com a troca real de fótons pelos corpos existentes.
     Mais que possuir uma trilha sonora instrumental do excelente Phillip Glass, a narrativa segue uma linearidade de raciocínio para discutir em si as próprias conexões entre os seres e o mundo, principalmente citando temáticas atuais como o Aquecimento Global e Responsabilidade Social, criticando o uso desmedido da natureza como fonte e apontando a diferença entre o Homem, regulador, e a Mulher, gentil, como razão para a aposta na figura feminina como forma de "salvamento" do desenfreado processo de desenvolvimento inconsequente.
    O encontro termina após ser citada a visão de Sonia sobre as ciências: A Teoria dos Sistemas Vivos, a interdependência entre eles para que o fluxo de vida ocorra de maneira ideal, justificando a necessidade de um cuidado maior com os recursos pelo uso que esses também têm por outros organismos do universo, tratando da evolução como transcendência. Embora seja uma obra antiga, a ideia tratada é mais que cotidiana, e poderia ser usada como grande sentença esclarecedora uma citação da personagem Tom: "Se as portas da percepção se abrissem, todos veriam como é", de William Blake.

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