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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Bacon e o dilema das ciências humanas.

     É certo e legítimo que Bacon seja considerado o pai da ciência moderna. Escrevendo no longínquo século XVII, sua hipótese metodológica, sua crença no empirismo e sua descrença na escolástica e na visão aristotélica fundamentaram a ciência moderna. O papel da ciência também se tornou basicamente Baconiano: o progresso material e o domínio do homem sobre o meio natural.
    Não digo que essa visão científica encontrou seu limite. Nas ciências ditas "naturais", aquelas que se ocupam de objetos previsíveis e praticamente imutáveis, o sucesso do empirismo só pode ser negado se virarmos as costas para a realidade do meio que nos cerca. Entretanto, nas ciências humanas, é preciso tomar cuidado com a visão de Bacon. Embora, sim, as ciências humanas devam se ocupar de hipóteses comprováveis, elas carregam em sua marca uma inconstância e uma impermanência que não permitem a aplicação do método científico "natural" de maneira plena. É preciso, e ainda falhamos muito nesse sentido, criar uma metodologia científica mais apropriada para as ciências humanas. 
     Claro que após a crise dos métodos Comteanos aplicados as humanidades, houve uma certa discussão mais aprofundada do que deveriam ser as ciências humanas, mas ainda não há o consenso que o empirismo conquistou nas ciências "naturais". Talvez esse consenso seja impossível, talvez não. Essa é, basicamente, a reflexão que queria lançar: Como trabalhar as ciências humanas dentro de uma metodologia científica que não ignore completamente as subjetividades dos homens? Se pensarmos por exemplo na história, ela deve se ater apenas as provas materiais e documentais? Como provar empiricamente aquilo que já aconteceu e não deixou pistas? E a sociologia, deve se ater apenas a observação e classificação? Ou deve também ser capaz de enxergar aquilo que não se vê, visto que a sociedade não pode ser entendida como um micro-organismo, ou um pedaço qualquer de matéria inorgânica? Será que o direito, embora uma ciência jurídica, não deve também olhar para aquilo que não está no processo? São discussões que já tivemos e ainda teremos durante o curso, mas certamente, embora relevante, Bacon não quitou o dilema que paira sobre as ciências humanas.

Victor Abdala - 1o ano - Direito Noturno

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