O Racionalismo, sob a perspectiva de Descartes, é conhecido como a teoria epistemológica que alcança o saber através da lógica e do auxílio dos sentidos. Contudo, deve-se evidenciar que algumas pessoas produzem vários julgamentos feitos através de noções pré-concebidas - verdades a priori, como a associação de que o caráter é determinado pela aparência dos indivíduos, por exemplo a cor de pele. Em outras palavras, não agem com racionalidade. Dessa forma, ao conceber isso como verdade, perpetua-se, no exemplo supracitado, um racismo estrutural e institucional que afeta toda a percepção da realidade, gerando opressão e, até mesmo, violência.
Nessa lógica, isso se reproduz na consciência do coletivo e as vítimas desse preconceito começam a adaptar sua rotina para que o sistema não as agridam, seja pelos olhares de soslaio das pessoas na rua, por impedimentos de entrar no banco sem que exista uma rigorosa vistoria ou simplesmente portar seus bens sem que sejam acusados de furto ou qualquer outra circunstância que não seja a provinda de seu trabalho árduo. Dessa forma, como comum do Racionalismo, há a análise de casos particulares e logo os generaliza, criando a suposta crença de que no Brasil não há racismo, tornando a luta por melhorias mais difícil, pois se acreditam não haver um problema, qual a utilidade do Estado implementar políticas públicas para alterar o pensamento populacional?
Em contraste com essa tese, tem-se o Empirismo, o qual valoriza a experiência, podendo assim gerar um entendimento mais completo da realidade. Nesse âmbito, surgem as pessoas que escolhem fazer um ato de alteridade, compreendendo o outro e não julgando. Além disso, a conclusão que se chega não é fruto de uma precipitação, pois a tábula rasa é preenchida através da vivência. A mesma vivência que os policiais devem aderir quando consideram um garoto negro portando uma arma de fogo, sendo que, na verdade, era apenas um guarda-chuva - ressalva de que os sentidos são falhos, portando, não pode haver premeditações. Não obstante, evidencia a existência dos ídolos - falsas impressões do mundo - que permeiam a vida de todos os indivíduos e, para uma análise idônea, é preciso removê-los, pois as influências provém de todos os âmbitos, desde concepções pessoas até relações interpessoais.
Desse modo, ao abdicar de suposições e permitir que a realidade se apresente claramente é possível alcançar um ambiente justo e igualitário para todos, sem que as vítimas de preconceitos se sintam coagidas pela sociedade e possam viver com segurança. Mas uma segurança plena, que compreendam que suas vidas importam, sua cultura deva ser preservada e sua dignidade assegurada. Assim é possível alcançar a máxima de Platão, a qual prega que o importante não é viver, mas viver bem.
Bianca de Faria Cintra - Direito Noturno, 1º Ano.
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