Armandinho, na tirinha acima, regado a sua formação de
indivíduo pautado em segurança e relacionamentos sociais saudáveis, tem
modulado em si um ídolo da caverna no qual possuir medo em uma simples corrida não
consta em suas percepções. Camilo, por outro lado, embora aceite a corrida em
um primeiro momento, ao se deparar com o policial, vale-se de seu racionalismo
e talvez até de experiências passadas para dizer que essa atividade, na
verdade, o colocaria em perigo, demonstrando que o ídolo estabelecido em
Armandinho já fora vencido por Camilo devido muito a sua realidade social contraria.
Importante destacar também é a possível ampliação de percepção
do mundo que ocorrera em Armandinho após sua pergunta “ ué? Por que?”. Nesse momento, a personagem ativa o mecanismo
da dúvida, princípio fundamental do método cientifico cartesiano, possibilitando
a aproximação de uma clareza na questão das relações sociais.
Fenômeno similar ocorre nessa outra tirinha.
Nessa, o destaque está na dualidade da resposta dos dois
personagens frente a mesma indagação. Enquanto a razão e as experiências de
Armandinho resultam em uma resposta na qual o questionamento pela nota fiscal
da bicicleta é um absurdo. Camilo, por outro lado, tem suas perspectivas
moldadas para encarar esse tipo de situação como corriqueira visto que já a
presume estando com a nota fiscal em mãos.
Portanto, é nítido como a formação dos indivíduos é
pluralizada refletindo em diferentes tipos de conduta no cotidiano. As tirinhas
expostas, exaltaram como as diferentes realidades sociais atuam na formação racional
e desenvolvem-se em experiências que formam o indivíduo. O que fica evidente é
o ainda pouco esclarecido e ainda inerente a realidade humana, o preconceito racial, que ainda perpetua de maneira viciosa nas relações do
homem com a sociedade.
Matheus de Vilhena Moraes / Direito (noturno)
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