Razão e experiência: os meios de construção do conhecimento e compreensão sociológica
Na concepção da Ciência Moderna, inserem-se dois importantes
autores: Francis Bacon e René Descartes. Em seus estudos, doaram-se
essencialmente aos conceitos de razão e empirismo, abordando a sua importância
para o alcance do conhecimento e, mais além, a utilização deste para a evolução
da condição humana. Nesse sentido, criticaram os filosóficos gregos
pertencentes à tradição clássica, visto que, nessa época, o alcance do
conhecimento a partir do labor da mente não trazia frutos concretos, isto é,
resumia-se à sua contemplação com fins meramente soberbos e vaidosos.
Dessa forma, é evidente que o início do uso da razão como
algo prático a partir do período moderno – e sua permanência até o pós-moderno
–, foi de extrema relevância, seja para a interpretação fiel da natureza, seja
para o desenvolvimento da compreensão sociológica do mundo.
Destarte, ao considerar Descartes evidenciando a razão como
meio de quebra do senso comum e de orientação para a verdade científica e, em
consonância, a relevância dada por Bacon acerca do papel do empirismo para a
concretude da razão, percebe-se que, com uma devida interpretação se situações
sociais, suas conclusões encaixam-se satisfatoriamente.
Tendo em vista que a arte, geralmente, comporta-se como um
reflexo da vida cotidiana, é possível exemplificar tal afirmação através de
duas tirinhas de Armandinho, nas quais, evidentemente, a temática abordada é a
do preconceito racial na sociedade. Subsumindo a temática aos conceitos discorridos,
interpreta-se na primeira tirinha que, quando Camilo – personagem negro –
apresenta a nota fiscal de sua bicicleta par ao policial, ao contrário de
Armandinho – personagem branco –, utiliza-se da razão com base em sua
experiência, isto é, a partir de situações de preconceito vivenciadas,
raciocinou que a desconfiança quanto a posse de sua bicicleta poderia ser, em
determinado contexto, uma realidade. Do mesmo modo, na segunda tirinha, Camilo
resolve não correr a fim de não causar a impressão de que está, supostamente,
fugindo após cometer algum tipo de delito, posto que baseou-se na sua vivência,
tendo em vista as falsas acepções sociais acerca de sua personalidade
referenciadas apenas em sua cor da pele, algo comparado aos ídolos baconianos, ou
seja, percepções errôneas do mundo que turvam a construção do conhecimento.
Turma: XXXVI - Direito Matutino
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