A
ciência teleológica moderna e a prova contra o racismo
A ciência pela ciência dissipou-se. O
sistema capitalista fragmentou aquilo que conhecíamos como produção científica
em prol do conhecimento, tornando o conhecimento científico uma mercadoria a
ser vendida, ou um instrumento de lucro exacerbado. A busca pelo enriquecimento
na sociedade moderna é materializada pelo lema estadunidense que foi eternizado
pela propaganda exaustiva do “American Way of Life”. “Time is Money”, conclusão
e frase concebida pelo revolucionário norte americano Benjamin Franklin,
tornou-se um paradigma da comunidade global, que acidentalmente (ou não), adere
à esta frase um sentido de vida, um norte, uma motivação de viver, tornando-a
um estilo de vida, típico e extremamente necessário ao sistema capitalista
moderno e à todas as outras formas de sustentá-lo, como o consumismo.
Descartes e Bacon criticaram e
hostilizaram a falta de finalidade da ciência de seu tempo, em favor do
bem-estar do homem proporcionado pelos avanços científicos. Expuseram a
esterilidade da ciência e da filosofia antiga, e em seu contexto renascentista
a ciência ganhou um propósito, e a filosofia ganhou um motivo para explicar fenômenos
e questões, além da finalidade de melhorar a sociedade, bem como sua forma de
pensar. Talvez fosse desconhecido por eles a proporção que a ciência
teleológica ganharia em meio ao contexto econômico global. É fato que tinham
razão, a ciência na antiguidade era uma forma de vangloriar e reforçar o
antropocentrismo, pouco servia à humanidade, porém, atualmente o
desenvolvimento científico serve não só à humanidade, mas também ao sistema
econômico vigente.
O processo de instrumentalização do
conhecimento a fim de torná-lo útil favoreceu aspectos independentes de fatores
econômicos, tal como dito anteriormente, através de um método mais racional e independente
da indução, Bacon e Descartes destacaram que as concepções que provinham de
conjecturas e costumes não eram válidas à ciência, o que possibilitou que a igualdade entre os grupos
sociais fosse reconhecida cientificamente, como ocorria no entendimento de que
a homossexualidade configurava uma doença ou um distúrbio psicológico, outro
exemplo claro desta mudança está na concepção da sociedade relacionada ao
racismo. Com o desenvolvimento da ciência provou-se aos incrédulos racistas que
o negro é um ser humano como qualquer outro, o que passou a deslegitimar
qualquer forma de preconceito baseado no argumento que alega inferioridade. A
quebra desse paradigma parcialmente favoreceu a concessão de direitos às
minorias antes reprimidas pelo pensamento conservador e arcaico da sociedade,
que ainda persiste em confrontar as provas contra o racismo.
- Jonathan Toshio Maciel da Silva
Direito (noturno)
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