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quarta-feira, 27 de março de 2019


A ciência teleológica moderna e a prova contra o racismo

     A ciência pela ciência dissipou-se. O sistema capitalista fragmentou aquilo que conhecíamos como produção científica em prol do conhecimento, tornando o conhecimento científico uma mercadoria a ser vendida, ou um instrumento de lucro exacerbado. A busca pelo enriquecimento na sociedade moderna é materializada pelo lema estadunidense que foi eternizado pela propaganda exaustiva do “American Way of Life”. “Time is Money”, conclusão e frase concebida pelo revolucionário norte americano Benjamin Franklin, tornou-se um paradigma da comunidade global, que acidentalmente (ou não), adere à esta frase um sentido de vida, um norte, uma motivação de viver, tornando-a um estilo de vida, típico e extremamente necessário ao sistema capitalista moderno e à todas as outras formas de sustentá-lo, como o consumismo.
     Descartes e Bacon criticaram e hostilizaram a falta de finalidade da ciência de seu tempo, em favor do bem-estar do homem proporcionado pelos avanços científicos. Expuseram a esterilidade da ciência e da filosofia antiga, e em seu contexto renascentista a ciência ganhou um propósito, e a filosofia ganhou um motivo para explicar fenômenos e questões, além da finalidade de melhorar a sociedade, bem como sua forma de pensar. Talvez fosse desconhecido por eles a proporção que a ciência teleológica ganharia em meio ao contexto econômico global. É fato que tinham razão, a ciência na antiguidade era uma forma de vangloriar e reforçar o antropocentrismo, pouco servia à humanidade, porém, atualmente o desenvolvimento científico serve não só à humanidade, mas também ao sistema econômico vigente.  
    O processo de instrumentalização do conhecimento a fim de torná-lo útil favoreceu aspectos independentes de fatores econômicos, tal como dito anteriormente, através de um método mais racional e independente da indução, Bacon e Descartes destacaram que as concepções que provinham de conjecturas e costumes não eram válidas à ciência, o que  possibilitou que a igualdade entre os grupos sociais fosse reconhecida cientificamente, como ocorria no entendimento de que a homossexualidade configurava uma doença ou um distúrbio psicológico, outro exemplo claro desta mudança está na concepção da sociedade relacionada ao racismo. Com o desenvolvimento da ciência provou-se aos incrédulos racistas que o negro é um ser humano como qualquer outro, o que passou a deslegitimar qualquer forma de preconceito baseado no argumento que alega inferioridade. A quebra desse paradigma parcialmente favoreceu a concessão de direitos às minorias antes reprimidas pelo pensamento conservador e arcaico da sociedade, que ainda persiste em confrontar as provas contra o racismo.


- Jonathan Toshio Maciel da Silva
Direito (noturno)

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