A manutenção do preconceito racial no Brasil
O pensamento
racional, presente nas teorias de Bacon e Descarte, propõe uma crítica efetiva
ao ensino tradicionalista recoberto de preconceitos estipulados por um senso comum
histórico. Mesmo amparado pelo direito a igualdade racial, algumas experiências
antecedem o pensamento crítico e propõem uma ideologia contrária a
emancipatória. Esta noção está embutida na tirinha de Alexandre Beck. Camilo entende que, por
ser negro, não possui o aparato de algumas instituições e, ao ver um homem
fardado, percebe a repressão iminente, diferente da outra personagem que, por
ser branca, não entende a realidade experimentada por Camilo. É importante
perceber que o Estado, mesmo estipulando leis para estabelecer a igualdade racial,
não garante a proteção e nenhuma mudança efetiva nas tradições racistas
persistentes na sociedade.
A tradição de segregação racial presente na sociedade
brasileira, pode ser entendida como uma falsa percepção de mundo, denominada
por Bacon de “ídolos da caverna”, assim, o pensamento crítico e racional do ser
humano é afetado por uma falsa noção social, criada através de uma tradição de
exclusão e racismo. A falta de reparação histórica, trouxe para o presente uma
divergência entre os Direitos básicos de cada indivíduo e a experiência real
vivida por alguns. Além disso, a diferença de tratamento dado pela sociedade
civil e algumas instituições à população negra evidencia a naturalização do
racismo no senso comum, impedindo, desta maneira, a superação da cultura
racista.
É importante repararmos que as falsas percepções de mundo
afetam diretamente a sociedade civil como um todo, evidenciando uma estrutura
que apoia o racismo e coíbe a ascensão social da população negra. Os ídolos, já
tão enraizados no senso comum, provocam uma aceitação e neutralização desses
atos. Alexandre Beck, mais uma vez, exemplifica essa cultura com uma tirinha.
Nela, é representada a preocupação que a população negra precisa sentir desde
criança, aprendendo a sobreviver em uma estrutura social que a prejudica. A experiência
vivida pela população negra no Brasil monstra a irracionalidade contemporânea
que persiste em manter uma cultura escravocrata.
Giovanna Lima e Silva –
direito noturno
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