Por mais que estudemos o Direito e sejamos levados por doutrinas e pesquisas a respeitar seu lugar na sociedade, analisar sua formação e entender seu funcionamento, revelando o elemento complexo e crucial que é para a manutenção da ordem em nossa sociedade, é impossível ignorar o fato de que a matéria de nosso estudo dança nas mãos dos mais diferentes grupos sociais, adquirindo as características que estes ou aqueles desejarem lhe dar.
O Direito passa de mão em mão cumprindo as funções mais diversas e controversas, hora servindo para fundamentar uma luta por direitos, hora respaldando uma punição severa e desnecessária, hora mantendo a atual configuração social. Pode ser usado tanto por uma massa revoltosa quanto pela burguesia para manter determinadas qualidades vigentes em nossa sociedade, e infelizmente, esse último exemplo é um fato.
O fato é que, influenciado pelos valores e anseios de uma minoria, o Direito toma uma forma um tanto quanto distinta da neutralidade pura, ganhando uma tonalidade que acata as exigências de um grupo detentor de poder, e pisoteia aqueles à margem dessa sociedade.
As normas se elaboram segundo os valores desse grupo, visando proteger tal minoria em detrimento de uma grande maioria. Além disso, a privatização do Direito o priva das características de ciência, de matéria de estudo aprofundado, tornando-o raso, mera peça a serviço de alguns.
Tal transformação se mostra atraente para aqueles que desejam a praticidade por parte do sistema legal, e a especificidade dos estudos de tal matéria. Entretanto, essa simplificação de parte tão fundamental da sociedade se apresenta como enação por parte de todo homem, que passa a aceitar explicações simples acerca do contexto social que o envolve, passa a compactuar com a criação de fábricas de operadores do Direito, em oposição a locais de criação e disseminação de conhecimento.
O mal que isso representa para a sociedade é imensurável, uma vez que esta, em busca de uma praticidade tão almejada no mercado, se cega para as verdades que podem estar compreendidas no âmago do Direito e das outras ciências humanas.
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