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domingo, 10 de abril de 2011

A parte contra o todo

O filme "Ponto de Mutação", baseado na obra de Fritjof Capra, certamente provoca uma reflexão sobre diversos problemas da nossa sociedade, inclusive sobre as maneiras equivocadas através das quais tentamos resolvê-los, incorporando comparações biológicas, psicológicas e econômicas. O diálogo entre a cientista, o poeta e o político (que vivem todos diferentes crises existenciais), começa a partir de uma discussão sobre um relógio e as associações que podem ser feitas entre o objeto e a sociedade de maneira geral. A cientista critica a maneira cartesiana de se ver o mundo, ou seja, uma visão mecanicista que é adotada pelos políticos e que os faz querer analisar as peças separadamente, sem se dar conta de que o todo é que realmente necessita de conserto. Dessa maneira também é vista a natureza, da qual retiramos imprudentemente todos os recursos de que necessitamos, numa busca obsessiva do crescimento.

A maior mensagem do filme está na ideia de que estamos vivenciando uma crise de percepção, pois aceitamos de bom grado o que nos é proporcionado e não questionamos os sistemas; não estimulamos a prevenção, só a intervenção dos problemas. E a solução dessa crise é, primeiramente, compreender que na realidade o que estamos tentando resolver de maneira independente é uma teia inseparável de relações e interconexões. Dessa maneira, é possível conceber uma sociedade sustentável pensando a longo prazo e considerando as gerações futuras. Entretanto, a maior dificuldade dessa proposta, como aponta o político, seria fazer com que as pessoas compreendessem essas ideias e as concretizassem na política. Sem dúvida é algo difícil de se alcançar na prática, mas o ponto de partida é procurar mudar nossa maneira de ver o mundo, e é isso que a cientista tenta explicar na maior parte do filme.

Além disso, também é importante ressaltar que a vida não pode ser vista de maneira simplória, ela se mantém e se renova, mas não podemos ignorar sua verdadeira essência, o fato de que ela sente a si mesma e que, como é muito bem colocado no filme, nós não somos sistemas que evoluem no planeta, nós evoluímos com ele, através da criatividade que existe dentro de cada um. Em suma, o ponto de mutação é na realidade a compreensão, e não o controle, de algo que vale tanto para a época em que a obra foi escrita quanto para os dias atuais: que "nenhum santo se sustenta sozinho", e que não existe parte sem o todo.

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