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domingo, 10 de abril de 2011

Um novo método científico

O filme O Ponto de Mutação (baseado na obra de Fritjof Capra) expõe uma discussão interessante sobre os pontos de vista dos temas por ele abordados. Nele, há três personagens que dialogam entre si sobre, principalmente, a situação atual da espécie humana e sua relação com o planeta em que vive. É dito por uma personagem (que representa o lado científico da discussão, sendo ela uma física) que o método do conhecimento de René Descartes e de Francis Bacon influenciaram grandemente na maneira em que o homem explora selvagemente, desde a Revolução Industrial, os vários tipos de recursos, até mesmo a própria Ciência.


O primeiro, ao pensar o mundo como uma metáfora de um relógio. Ao querer entendê-lo, divide-o em partes e analisa-as separadamente. Essa visão prejudica a compreensão entre a parte e o todo, além de fragmentar o conhecimento em diversas disciplinas. Essa visão mecanicista do mundo foi reforçada pelas descobertas inovadoras de Newton sobre as características do movimento de todos os objetos, que depois foram intituladas de leis seguidas de seu próprio nome. Já o segundo, ao argumentar que a Natureza deve estar ao serviço do homem, que ele deve explorá-la e até "torturá-la" para obter benefícios a serem utilizados ao seu bel-prazer, serviu como base e pretexto ideológicos para a devastação que o planeta sofre pelas mãos humanas.


Seguindo o raciocínio da discussão, somando-se ambas perspectivas, obtém-se o quadro atual, em que o homem é um ser extremamente individualista, egocêntrico, egoísta, ambicioso e cruel. Não se quer satanizar esses dois grandes intelectuais citados (nem mesmo o ser humano), mas sim reconhecer as limitações de seus métodos e suas partes de responsabilidade nesse cenário. Isso tudo deriva, de acordo com aquela mesma personagem, de uma "crise de percepção" por parte das pessoas. É proposto a via do pensamento sistêmico (chamado também de Teoria dos Sistemas Vivos), no qual há a identificação da existência de sistemas gigantescos de relações entre os seres vivos (entre eles mesmos também) e o ambiente; e a descoberta de que se deveria acabar com os problemas do mundo a partir dessa visão, além de evitar novos por meio da premeditação de suas causas.

Porém, outro personagem (que representa o lado político, demagógico da discussão, sendo ele um político) expõe a dúvida quanto a forma de se por em prática esse novo pensamento/método. Realmente, é díficil de se pensar, no âmbito das políticas públicas, o cumprimento de atos que deveriam ser feitos para solucionarem não somente a crise de percepção, mas as crises de todo tipo que o planeta sofre. Já que, conforme dito pelo mesmo, não haveria um apoio prontamente explícito a essa causa por parte da maioria da população. Além do mais, o terceiro personagem (que representa o lado bucólico da discussão, sendo ele um poeta) explicita a questão de uma provável coletividade/unidade extrema do pensamento sistêmico (que diminuiria a individualidade de cada um), uma vez que todos os indivíduos e seres estariam ligados entre si e pertenceriam a um mesmo propósito, que seria a vida, auto-organizadora por si mesma. Fica como conclusão a necessidade de se buscar aquela forma prática e discussão das questões paradigmáticas de tal pensamento que ainda deve vir a ser revolucionário.

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