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domingo, 10 de abril de 2011

"Ponto de Mutação" e a Ciência

O filme “Ponto de Mutação”, de Bernt Capra, baseado no livro homônimo de Fritjof Capra, traz-nos uma reflexão bastante construtiva a respeito da ciência e dos problemas atuais. Ao relatar uma conversa entre um poeta, uma física e um ex-candidato à Presidência dos Estados Unidos, o filme mostra diversificados pontos de vista a respeito dos temas abordados.

Um dos temas discutidos surge na “sala do relógio”. Ele refere-se à visão cartesiana de ciência. Para Descartes, não seria possível conhecermos o todo se, antes, não conhecêssemos muito bem as partes que o compõem. Assim, do ponto de vista de René, todo o conhecimento existente deveria ser fragmentado em partes mínimas e cada uma dessas partes deveria ser estudada isoladamente. Só após o estudo isolado dessas partes é que conseguiríamos chegar a um conhecimento total, pleno e verdadeiro.

No entanto, para a especialista em Física do filme, as ideias cartesianas não são mais adequadas na atualidade, embora tenham servido aos interesses do século XVII. Para ela, os problemas atuais fazem parte de um sistema, sendo intrinsecamente conectados, não podendo ser considerados separadamente. Assim, por exemplo, como ela mesma argumenta, não conseguiremos resolver o problema da fome no Terceiro Mundo se não consideramos que a dívida externa destes países em relação aos países desenvolvidos deve acabar.

E aí entram em choque duas visões sobre a busca pelo verdadeiro conhecimento: a reducionista, defendida por Descartes, e a holística ou sistêmica, tida como a mais correta pela cientista do filme. Será que seria melhor, atualmente, conhecermos as peças de um relógio, primeiro, para, depois, entendermos o seu funcionamento ou seria melhor analisá-lo, de imediato, como um todo?

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Retirado de:http://arquivo.relogiosmecanicos.com.br/www.forumnow.com.br/vip/mensagens3f2e.html?forum=51071&grupo=73836&topico=2645830&nrpag=8 em 09/04/2011, às 17h05min.

Uma resposta exata para esta pergunta, provavelmente, não obteremos. O que devemos considerar é que essas duas formas de pensamento apresentam “obstáculos”. Se por um lado a visão cartesiana é muito fragmentária e não consegue abarcar os problemas atuais de maneira concreta, uma vez que vivemos em um mundo interdependente, por outro, a ideia holística é, de certa forma, “ilusória”. O próprio ex-candidato à Presidência menciona a "ilusão" contida nesta última visão. E é diante dos comentários dele que compreendemos que ,embora o mundo esteja interligado, há uma divergência exagerada entre os vários países do globo. Assim, não seria possível, por exemplo, esquecermos a dívida externa dos países subdesenvolvidos para que eles pudessem viver sem fome. Certamente, os países credores não aceitariam tal mecanismo.

E diante dessas considerações, podemos perceber que o filme, intencionalmente, é um grande motivador do conhecimento: muito mais do que apenas mostrar divergentes modelos científicos, ele nos fornece questionamentos. E estes sim são os propulsores máximos da ciência.

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