A
óptica weberiana acerca das ações sociais estabelece um vínculo
entre os adventos da modernidade e a adoção – gradual – da
lógica racional à compreensão da realidade e ao processo de
determinação dos sentidos da conduta humana. Nesse sentido, Weber
estrutura a tese relativa a essa transformação, em que se nota um
progressivo abandono das tradições, costumes e crenças como guias
que pautam o comportamento individual. A essa transição é
designado - pelo sociólogo - o conceito de “Desencantamento do
Mundo”, visto que a implementação do pensamento racional, no
cotidiano, rompe com as pré-concepções místicas e religiosas que
edificaram a vida até então.
No
entanto, a ascensão das indústrias, conjuntamente com o capital,
instituiu um outro fenômeno: a massificação populacional. A partir
de elementos culturais, estruturas burocráticas, métodos
educacionais, peças publicitárias, e etc, surge a disciplinarização
e readequação dos diversos quadrantes sociais. Cria-se, portanto,
novas relações de subserviência, suscitando em traços
hierárquicos inéditos, embasados nos costumes da organização
social urbana e na crença da infabilidade dos regimes econômicos
liberais. Aliando-se esse panorama às teorias de Foucault, a
convergência das técnicas de dominação formula os Corpos
Dóceis, ou seja, indivíduos
desarticulados, acríticos e submetidos aos grilhões do poder. Esse
procedimento, no entanto, é realizado ao longo de sua vida, com a
reafirmação de determinados costumes em cada instância social: a
família, a escola, a faculdade, o trabalho.
Isso
posto, a ênfase do poder
sobre os corpos, manifestada sob diferentes véus, incute na
sociedade um processo similar ao “Reencantamento do Mundo”. As
crenças e tradições habituais, anteriormente incitadas pelo
misticismo e pela religião, adquirem
novo corpo e forma, perceptível na disseminação e imposição de
normas comportamentais, perpassadas costumeiramente por diferentes
entidades e instituições.
Caio Laprano - Primeiro Ano - Noturno
Nenhum comentário:
Postar um comentário