Ao passo que o pensamento positivista
expôs a ideia de uma sociedade é mais do que soma de indevidos, que nelas
existem valores, normas e instituições, Karl Marx fez diferente. Propulsor do
materialismo histórico, um dos pensamentos mais difíceis de compreender, corrente
renovadora do pensamento social, tanto do ponto de vista teórico quanto na
prática. Com a finalidade de entender o capitalismo, Marx dedicou sua vida em
produzir obras de filosofia, economia e sociologia, pois tinha o objetivo não
de colaborar apenas produzindo ciência, mas de apresentar uma transformação
política, social e econômica.
A ideologia liberal considerava os
homens iguais, naturalmente, políticas e juridicamente, sendo assim, a
liberdade e justiça eram direitos intransferíveis a todos. Marx, no entanto,
nota que o liberalismo analisa os homens como se estivessem à parte das obvias
desigualdades existentes na sociedade (racial, material, gênero, etc.), sendo
assim, ele afirma a inexistência de tal igualdade natural.
As desigualdades são as bases de criação
das classes sociais, pois são elas que dividem a sociedade em proprietários e
não proprietários dos meios de produção. A Revolução Industrial abreviou este
processo, transformando tudo em mercadoria. Expôs, ainda, a compreensão do conceito de
alienação salientando que a industrialização da propriedade privada e o
assalariamento desassociam o trabalhador dos meios de produção (propriedade
privada do capitalista).
Vale aqui ressaltar, que, Marx, ao
longo de suas obras, colocou que o Estado representa a classe dominante e funciona
de acordo com as inclinações da mesma. E, apensar de acreditar que as
sociedades de seu tempo e do passado como conjunto, Marx conseguiu, ao analisar
a sociedade com profundidade, arrancar conclusões de características gerais e
aplicáveis a formas sociais diferentes.
A cultura brasileira (modo de vida
do passado, com escravização de negros e indígenas e a relação de dependência
externa, tem muita influencia nisso), baseada na lógica patrimonialista e
privatista, agente de relações clientelistas induziram diferentes ações
políticas sociais. A Constituição de 1988, igualmente com as políticas sociais
públicas modificou pelo menos o pensamento lógico do patrimonialista e privatista,
todavia, na organização, gestão e na operacionalidade destas, a ideia do favor (não
direito) e do direito continua presente.
É preciso compreender que a
sociedade não tem seu pilar nos consensos, e sim tomada por opiniões diferentes,
sendo assim, existem projetos sociais em disputa. A lógica de dominação esta
inserida na sociedade como um todo, especialmente na política. Cabe aqui
ressaltar, também, a importância do papel da classe trabalhadora em garantir os
direitos assegurados pela Constituição; é evidente a determinação e o processo
de luta por uma sociedade justa e igualitária, mesmo na conjuntura atual.
Akysa Santana