O DIREITO BURGUÊS COMO CARRASCO DA
SOCIEDADE INCIVIL
Segundo
Boaventura de Sousa Santos, globalização é um localismo
que se universaliza, logo podemos afirmar que o direito como o vemos na maior
parte dos países ao redor do mundo é globalizado, visto ser um direito de cunho
burguês aplicado a uma imensa diversidade social.
Este direito, que visa o controle
social, acabou ganhando espaço em meio à crise das formas de política da
esquerda, principalmente da que se utiliza de meios extraparlamentares, sendo estes
imediatamente associados à violência. Esse vazio institucional reavivou o
demoliberalismo e a homogeneidade não só das normas de cada Estado mas também
dos sujeitos de direito, excluindo arbitrariamente grande parcela da população
(negros, deficientes, desempregados a longo prazo), criando assim a chamada sociedade
incivil.
Dentre outras políticas advindas da
globalização contra hegemônica, que se propõe a combater a exclusão social, as
ações afirmativas, mais especificamente as cotas raciais, aparecem como
alternativa não apenas imediatista, visto seus resultados à curto prazo, nem
como mera compensação, pois uma sociedade mais igualitária traz benefícios a
todos dos que dela fazem parte. As cotas são acima de tudo o germe da
sociologia das emergências, do advento da conscientização geral e do progresso
sem distinção.
E mesmo sendo este um objetivo tão
nobre ainda encontra obstáculos para sua concretização, advindos de uma
população de privilegiados que prega um discurso inflamado de defesa da
liberdade como princípio mor, sem perceber ou se importar com o fato de que,
dentro de um sistema capitalista, a única liberdade real, emancipatória e que
leva as outras é a econômica, impedida pelo fascismo financeiro, imune à
democracia. Outro argumento é o da importância do princípio da igualdade, porém
sem a análise de que o fascismo para-estatal contratual o compromete
completamente.
Portanto percebe-se que a
globalização hegemônica e seu direito burguês não possuem força na argumentação,
mas sim no seu marketing. Para neutralizá-la é preciso intelectualizar e empoderar
a sociedade incivil, e um dos meios desse processo é a aplicação das cotas
raciais.
Aline Ferreira do Carmo 1ºano Direito- Diurno
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