O
Brasil é um dos países mais miscigenados do mundo: nossas heranças genéticas
vêm dos quatro cantos do planeta – África, Europa, Ásia e os nativos da América.
A questão para o debate, no entanto, não é estrutural e sim sociológica. As
relações pessoais nessa gama cultural quase infinita, inevitavelmente, resultam
em um conflito: o preconceito.
O
preconceito racial, que assola o país e persegue diversas etnias, sobretudo a
africana, pode gerar desigualdade: afinal, cerca de 73% de todos os pobres do
Brasil são negros – e esse será o foco do meu texto.
O
que outrora era causado pela origem genético-geográfica, agora se dá pelo
fenótipo, a cor da pele. A desigualdade desde os tempos da escravidão persiste –
é visível, por exemplo, no acesso da população negra nas universidades. Para
sanar esse problema, paliativamente, as ações afirmativas foram evocadas, dando
origem às cotas raciais.
As
cotas raciais visam, portanto, aumentar o acesso de tal minoria nas
universidades. A questão é que, diversas vezes, diz-se que as cotas raciais
deveriam deixar de existir; afinal, a maioria dos pobres são negros, logo as
cotas sociais cumpririam com a função da racial de forma justa. Ninguém vê, no
entanto, a diferença de oportunidades de um negro e de um branco de uma mesma
classe social; a diferença de tratamento gera essa desigualdade dentro da mesma
classe: quando os europeus vieram ao Brasil no fim do século XIX e começo do
século XX, vieram para ocupar postos de trabalho semiescravo; prosperaram,
pois, de certa forma, pois a eles, de pele branca, nunca lhe foram negados
educação, ou oportunidade de emprego.
É
para acabar com essa diferença de tratamento que as cotas existem e o Direito
consegue cumprir com seu papel emancipador, tal como dizia o mestre Boaventura
de Sousa Santos; outrossim, o fascismo social é combatido, de forma a reduzir-se
e, futuramente, se esvair – acabando com o preconceito e a desigualdade racial.
Pedro Cabrini Marangoni – primeiro ano
noturno
Nenhum comentário:
Postar um comentário