“Todos os
problemas são partes de uma crise, uma crise de percepção.”
Sonia Hoffman, personagem do filme “Ponto de
mutação”
Durante o filme “Ponto de mutação”, o
telespectador é posto em contato com uma oposição
entre visão e perspectiva de uma determinada situação. Tal oposição se dá a
partir do discurso de uma das personagens, quem traz à tona a ideia de
potencialidade em oposição à realidade, ou seja, apenas a visão de um
determinado fenômeno não confere necessariamente a apreensão total do mesmo,
para tanto, é necessário que seja estimada a potencialidade daquele fato, suas
conseqüências ao longo de uma cadeia de acontecimentos.
Ao decorrer da história, é apresentado
o conceito de mecanicismo, que
baseia-se na teoria cartesiana da “árvore do saber” de conhecimento. Um exemplo do mecanicismo seria
comparar o corpo humano com uma máquina, compartimentando-o a fim de entender
melhor o funcionamento de suas partes. Logo, o mecanicismo é um sistema de
análise dos fatos baseado na visão.
Em oposição, sustentando a teoria da
personagem Sonia, pode-se trazer o conceito de sincronicidade, cunhado por Carl Gustav Jung, quem diz que “o
princípio da causalidade nos afirma que a conexão entre a causa e o efeito é
uma conexão necessária. O princípio da sincronicidade nos afirma que os termos
de uma coincidência significativa são ligados pela simultaneidade e pelo
significado”. Ou seja, Jung endossa a importância de uma forma de análise dos
fatos baseada na perspectiva.
O ensino do Direito no Brasil, em sua
generalização, pode ser considerado ainda um ensino de visão. Ao estudar
separadamente o código de leis, sem embasamento teórico além da interpretação
das mesmas, o discente não apreende aspectos fundamentais, não desconstrói preconceitos
e rompe com o mecanicismo, não ganha a percepção real das causalidades e
conseqüências, não apreende a sincronicidade dos fenômenos ao seu redor.
Embora o sistema cartesiano seja importantíssimo
para a consolidação do conhecimento e tenha sido a base da elaboração de uma
doutrina que rege o racionalismo, com a nova ordem mundial, deve-se conceber o
mundo como um local totalmente interligado, no qual todas as crises têm ligação
(Fenômeno facilmente observado com a última crise econômica americana) e toda
problematização deve ser analisada por meio de perspectivas, levando em conta a
sincronicidade dos fenômenos. Dessa forma, o mundo poderá ser analisado em sua
pluralidade e conflitos da humanidade poderão ser paulatinamente
desconstruídos.
Mariana F. Figueiredo
1º ano de Direito (Diurno)
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