O filme
“Ponto de Mutação”, dirigido por Bernt Capra e baseado no livro de mesmo nome
escrito por Fritjof Capra, através
de diálogos de três personagens (a cientista Sonia Hoffman, o político Jack
Edwards e o dramaturgo John Heard) procura despertar-nos para a necessidade da
adoção de uma nova visão de mundo, criticando a predominância do pensamento cartesiano
no mundo atual como uma visão mecanicista ultrapassada e até mesmo nociva sem,
no entanto, desconsiderar a importância desse pensamento no tempo de Descartes.
É inegável a contribuição do paradigma de Descartes no século
XVII, que libertou a mente humana do controle e do monopólio do conhecimento
por parte da Igreja e serviu posteriormente como fundamento para a formulação
do método científico tal como conhecemos hoje. O paradigma cartesiano é bem
ilustrado no filme com a metáfora de um relógio. O universo, assim como o
relógio, deve ser dividido em pequenas partes visando facilitar o estudo e a
análise, estudando-as separadamente, obtendo dessa forma, uma compreensão
melhor do todo.
No entanto, apesar da ciência e da sociedade terem evoluído e
se transformado consideravelmente desde então, a visão de mundo e a percepção
humanas não tiveram o mesmo processo. Assim, as principais crises do mundo
contemporâneo – desigualdade entre os Estados, problemas ambientais, doenças
sem cura, preconceitos de toda espécie – se resultam da percepção mecanicista obsoleta
e nociva, que se fundamenta na separação entre os eventos, pessoas e coisas. Com
isso, a cientista Hoffman chama a atenção para a necessidade da adoção de uma
nova visão de mundo e apresenta a Teoria dos Sistemas Vivos que, em vez de se
concentrar nos blocos básicos, essa teoria pensa nos princípios
de organização. Em vez de dividir as coisas, ela olha para os sistemas vivos (seres
vivos, sistemas sociais, ecossistemas) como um todo. A teoria dos sistemas
reconhece as relações de interdependência entre os seres como a essência de
todas as coisas vivas.
Portanto, para a superação dos problemas modernos é necessário
uma mudança não somente em áreas específicas da sociedade, mas uma mudança na
percepção humana das coisas, no todo. Ainda utilizando a metáfora do relógio e
suas partes, não adianta consertar apenas uma peça do seu circuito de funcionamento,
ela irá quebrar de novo em um segundo, pois o que a conecta foi ignorado. O
relógio “percepção humana” está obsoleto e precisa ser trocado.
Lucas Camilo Lelis
Direito Diurno - 1º ano
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