Olhos
de ver, olhos de olhar, olhos de enxergar?
A abordagem do filme “Ponto de
Mutação”, do diretor Bernt Capra, pauta-se em uma das teorias propostas pela
física (Sonia) que compreende em solucionar a crise que desencadeia todas as
outras: a crise de percepção sofrida pelo homem moderno. A
passagem de tempo é algo inexorável. Como já definia Heráclito em sua teoria do
Devir: “o que é, enquanto é, não é, porque muda”. Nessa linha de raciocínio,
quando chegam à ilha medieval francesa, o senador e possível candidato à
presidência dos Estados Unidos, e seu amigo poeta se deparam com vestígios de
tempos remotos. E ao encontrarem a cientista referida, passam a debater sobre
temas que envolvem o homem em relação com o meio no qual habita.
Pode-se perceber, a partir das
discussões presentes no filme, que a falta de percepção humana possibilita-se
estar associada à transformação do tempo em algo mecânico. Assim, a vida passa
a ser meramente vivida sem haver a emoção do existir. Com isso, os problemas como
o desmatamento de florestas à proporções inimagináveis, a fome que se alastra
de forma desastrosa, entre tantos outros que afetam o mundo todo, deixam de ser
perceptíveis, mesmo que isso pareça impossível.
Segundo o poeta inglês William
Blake: “Se as portas da percepção se abrissem, tudo apareceria como é”. Dessa
forma, de acordo com a temática desenvolvida na obra artística em discussão,
pode-se utilizar como guia para tal feito, a razão. Esta é apresentada por
Francis Bacon como o caminho para a verdade, um condutor do ser humano, além de
servir como método de explicar o mundo em que se vive. De fato, aumentar a
dosagem de racionalidade no homem moderno o faria sair de sua “zona de
conforto” de viver de forma mecânica, automática, sem ao menos questionar o
mundo ao seu redor.
Salienta-se ainda a teoria dos
sistemas vivos defendida pela cientista referida, a qual consiste em analisar
criticamente qualquer objeto, animado ou inanimado pelo todo, e não em
segmentos. Por outro lado, a vida não é condensável, portanto, como poderia ser
analisada como um todo? Assim, percebe-se que a tentativa de caráter cartesiano
de aplicar essa concepção à vida, não seria válida.
Com efeito, em relação à problemática humana de apenas
ver sem sentir, ocasiona uma característica inerente a boa parte da população
atual: inércia no tocante aos problemas da humanidade em geral. Desse modo, a
abordagem permite o questionamento pessoal de como se tem agido.
Gabriela Cabral Roque
Introdução à Sociologia
1º ano - Direito diurno
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