Engrenagens, molas, ponteiros, cristal, rolagem,
corda, bexiga, cérebro, braços, olhos, estômago, células, átomos: relógios e
pessoas podem ser divididos em suas pequenas partes, que os compõem como um
todo. Essa divisão, quando usada para estudo detalhado do todo, é o método
científico descrito pelo filósofo grego Descartes, que defende essa divisão,
como o melhor método para, depois de conhecidas as partes, compreender o todo.
Essa questão do método científico cartesiano e do
“estudo mecânico” é discutida no filme “Ponto de Mutação”, no qual a cientista Sonia
Hoffmann, juntamente com o político Jack Edwards e o poeta Thomas Harrimann
discutem sua eficácia. Seria mesmo a divisão em partes o melhor método para
entender o todo? Esse estudo detalhado consiste em analisar as funções das
partes, para, quando juntas, ter-se a ideia do todo. Mas, o rearranjo das
partes, contendo as mesmas partes, não resultaria em “outro todo”? E sendo este
diferente do primeiro, sua compreensão e funcionamento não seriam diferentes?
No poema “Ao Braço do Mesmo Menino Jesus Quando
Appareceo”, de Gregório de Matos:
“O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo”
No que se diz respeito aos estudos das partes, essas são essenciais para
a formação de um todo, pois, sem as partes, não há o todo. O mesmo se diz sobre
a análise do todo, que não se faz todo se não for formado de todas as suas
partes. Sendo assim, o método científico cartesiano que busca compreender e
generalizar a partir do estudo de cada um de seus conteúdos separadamente nem
sempre pode resultar em uma resposta aplicável à totalidade do objeto de estudo.
Júlia Veiga Camacho
1º ano Direito Diurno
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