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quarta-feira, 6 de maio de 2015

"Que teu alimento seja teu remédio e teu remédio seja teu alimento"

Nesta terça-feira (28/04) a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei o qual coloca fim á obrigatoriedade do símbolo que indica transgenia nos alimentos geneticamente modificados (OGM’s) com composição inferior a 1% destes no produto final. Além disso, nenhum derivado de origem animal alimentados com grãos transgênicos terá a necessidade de informar isto ao consumidor. Inconformada pela violação do meu direito de saber especificamente o que irei ingerir, reforço a mesma questão levantada pelo filme e pelo livro “Ponto de Mutação” de Bernt Capra: Se nossa agricultura nos alimentasse melhor em vez de desmatar a Amazônia para criar gado, a carne vermelha, que é uma das maiores causas dos enfartes, talvez não gastássemos tanto dinheiro com corações artificias.”
Como pensar em algum modelo de sustentabilidade se segundo o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), relator da matéria na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, “nós não podemos, nós mesmos, criar obstáculos para o consumo dos nossos produtos. O agronegócio é que alimenta o país”? Como viabilizar uma ideia de horizontalidade, de equidade, dentro de um sistema que promove por lei uma concentração não apenas de terra, mas de capital e tecnologias? Nos moldes liberais, o incentivo ás culturas transgênicas impossibilitam a concorrência do pequeno agricultor no mercado, vendo-se obrigado á sucumbir aos grandes deste ramo. É justo fomentar á Monsanto mais e mais propriedades agrárias, sendo que já somos o 12º país no ranking mundial de concentração de terra?
Quão contraditório é um sistema que permite 0,8g de Sorbato de Potássio (conservador, antioxidante e estabilizante) por litro de produto e financia eventos anuais de “Virada Esportiva” pelo território federativo? Como não apresentar perplexidade com o aumento de 38,1% de novos casos de câncer ao longo de uma única década e o Sistema Público de Saúde não atender a demanda necessária?  Como se torna aceitável um modelo o qual promove a morte de 500.000 (meio milhão) de animais a cada hora para atender a indústria alimentícia? A crueldade e desrespeito para com todos os seres vivos neste ramo são tamanhos que o sistema criado pelo próprio homem volta-se contra o mesmo (a despeito dos 900 mil infartos ao ano no Brasil e a principal causa ser o consumo de carne vermelha).
A solução não é aumentar áreas de Reservas Legais ou a quantidade de corredores ecológicos enquanto um campo de futebol de árvores é retirado por segundo na nossa Amazônia. A solução não é criar programas de distribuição de terra e renda, enquanto gigantes multinacionais exploram nossa fauna, flora, recursos minerais e energéticos sem barreiras legais. A solução não é aumentar o número de feiras de adoção enquanto não existir o entendimento de que a vida de um boi, de uma vaca ou de um suíno vale tanto quanto a de um ser humano. A biodiversidade global não é composta por peças únicas de lego. Somos uma teia. Consertos pontuais não são suficientes para permitir ás gerações futuras que usufruam dos mesmos bens que nós, somos um GLOBO e essa é a consciência que nos falta.

“Que teu alimento seja teu remédio e teu remédio seja teu alimento.
O corpo cura por si mesmo. O médico é só um assistente da natureza.”
(Hipócrates – 460-377 a.C)

Giulia Dalla Dea Vatiero
Direito Diurno - 1º ano

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