Total de visualizações de página (desde out/2009)

domingo, 7 de novembro de 2021

Análise do caso de apologia ao estupro em trote de faculdade sob a óptica de Antoine Garapon

Pela óptica de Antoine Garapon, será feita uma análise de um julgamento de pedido de indenização moral em virtude de um evento de uma faculdade. No episódio de ofensa e humilhação àqueles presentes, as calouras foram submetidas a proferir falas misóginas e machistas lamentavelmente.

          Para Antoine, a justiça é acionada no intuito de aquietar as aflições do indivíduo sofredor moderno. Desse modo, ela desempenha o papel que ele chama de “magistratura do sujeito”, isto é, quando o direito opera como forma de proteção e tutela. Logo, com o pedido realizado pelo Ministério Público, buscou-se esse amparo às mulheres para, assim, recuperarem sua dignidade, bem como escrito no texto do julgamento, dado que o requerido as expos “à uma situação humilhante e opressora e ofendendo a dignidade das mulheres ao reforçar padrões perpetuadores das desigualdades de gênero e violência das mulheres”. 

Ademais, é possível pensar no conceito de “historicização das normas” explorado por Pierre Bourdieu. Nesse sentido, tem-se uma sociedade em constante mudança político-social mobilizando o judiciário para conscientizar direitos a diversos grupos, de modo a promover essa historicização das normas, como ocorreu com a conquista dos direitos femininos, os quais, em tese, deveriam ter sido respeitados. Contudo, a decisão da juíza expôs uma postura de repulsa ao fenômeno.

Destarte, faz-se presente o ativismo judicial. Nele, o magistrado julga orientado por suas crenças pessoas, fugindo da realidade. Em paralelo ao caso de análise, a responsável  foi influenciada por suas convicções individuais antifeministas ao citar o movimento feminista como uma "engenharia social e subversão cultural e não de reconhecimento dos direitos civis femininos” e, assim, indeferiu o pedido. Posto isso, nota-se como a arbitrariedade do juiz pode ser maléfica principalmente às minorias, como as mulheres.

Portanto, é notório como o protagonismo dos tribunais pode ser extremamente perigoso. À vista disso, é possível fazer o seguinte questionamento: a função desempenhada pelo judiciário na realidade é a mesma proposta por Antoine?

Anna Beatriz Hashioka- direito matutino

Nenhum comentário:

Postar um comentário