O
caso pinheirinho foi bastante emblemático, foi uma reintegração de posse de uma
gleba em São José dos Campos, que pertencia a uma empresa falida do empresário
Naji Nahas, que está parada a anos e não estava cumprindo a sua função social,
com uma área grande o suficiente para servir de moradia inicialmente a 300
famílias e chegou a 1,500 mil famílias que não tinham onde morar. Após 8 anos
de ocupação todas essas famílias foram retiradas de suas casas a força, por
meio de uma ação policial, que contava com mais de 1,500 policiais militares
armados e com bombas de gás lacrimogênio.
Além
da truculência da ação policial durante a desocupação, o que chamou atenção foi
como se deu o trâmite legal que culminou na reintegração de posse do terreno,
que desde o primeiro ano teve pedidos na vara da cidade, houve pedidos
inclusive para cortes de água e luz de pinheirinho, um completo absurdo, mas
que foi derrubado somente em última hora. Na situação, tinha o poder executivo
da cidade de São José dos Campos, o prefeito Eduardo Cury, filiado ao PSDB, e o
governo do estado, com o então governador Geraldo Alckmin, também filiado ao
PSDB, alinhados ao poder judiciário para que o pedido de reintegração de posse
fosse executado, deixando claro a influência do poder que o empresário tinha.
Ao
analisar ao caso na perspectiva de Pierre Bourdieu, fica visivelmente claro a
violência simbólica e o poder simbólico, conceitos criados pelo próprio
sociólogo, dentro dessa análise, e que estão intimamente ligadas, de modo que
para a presença de um é necessário que haja o outro concomitantemente. A
violência simbólica, é uma agressão para além coação física, dá agressividade
apresentada pela PM durante a execução do mandato, está em campo em que a
sociedade de modo geral não vê, como os danos psicológicos e morais causados a
essas pessoas, que seguem a lógica da dominação, seguindo os critérios
econômicos e sociais da sua classe, como milhares de famílias jogadas para fora
de suas casas e sem onde ir, caracterizando portanto a manifestação do
conhecimento de sua classe de dominado, através do reconhecimento da legitimidade
do discurso do dominante, que fica bem claro com os moradores de pinheirinho e
em disputa o poder judiciário e executivo a favor do empresário milionário.
Sendo essa violência simbólica um meio de exercício do poder simbólico.
O poder simbólico, ele está escondido, invisível, passa desapercebido entre todos, muitas vezes é ignorado, e se fundamenta em uma série de poderes, está nas entrelinhas da sociedade. Esse poder invisível só pode ser exercido com efeito quando é com a cumplicidade dos que não querem saber que estão sujeitos a ele, ou por aqueles que o exercem, ele usa de sistemas simbólicos para enraizar esse poder, como a religião, ou seja por meios das influências da sociedade. Basicamente, o acúmulo de recursos, capital simbólico, no âmbito de determinado campo define a capacidade de exercício do domínio. Esse capital simbólico vai além da perspectiva econômica, mas também representam recursos de outras naturezas, como influências nas relações interpessoais que facilitam o acesso ao poder, exatamente o que se nota no caso em análise, o milionário Naji Nahas com sua influência com lideranças do governo, teve todo apoio no caso, que culminou na reintegração de posse, e tendo como efeito a violência simbólica.
Cássio Goulart - 2ºsemestre-Direito/diurno
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