Em suas obras, Pierre Bourdieu aborda a conceituação de termos jurídico-sociais como por exemplo, o que sociólogo nomeia de "poder simbólico". O poder simbólico, em sua essência, é uma ferramenta que permite a propagação de uma ideologia pela classe dominante (economicamente) de determinada sociedade, onde toda e qualquer conduta fora de tais padrões predeterminados é considerada errada e digna de pronta correção.
Tal poder simbólico transforma os ideais dominantes os únicos socialmente aceitos, mesmo que tais ideais propaguem atos de violência e manutenção do status quo. Como estão atreladas a influência do poder simbólico da classe dominante e burguesa, as classes menos socialmente favorecidas estão condicionadas, mesmo que inconscientemente, a reproduzir os mesmos comportamentos e pensamentos que proporcionam a sua opressão.
Um exemplo recente da influência do poder simbólico aconteceu no município de Franca, durante um trote universitário do curso de medicina da UNIFRAN, uma das faculdades da cidade. Durante o ato, um discurso problemático e misógino foi dito pelo ex-aluno Matheus Gabriel Braia, um "juramento de fidelidade e compromisso" por parte das calouras, rebaixando a dignidade das alunas e outras mulheres presentes no local. Em vídeo e áudio, é possível Matheus dizer : "Repudio totalmente qualquer tentativa deles se aproveitarem e me reservo totalmente a vontade dos meus veteranos e prometo sempre atender os seus desejos sexuais".
O poder simbólico é sentido nesse caso quando, mesmo presenciando tal ato bárbaro de misoginia, algumas alunas presentes saíram em defesa do ex-aluno, alegando que tudo não passava de uma brincadeira inocente. Nessa caso, a violência sofrida por essas mulheres é algo tão costumeiro e propagado pela cultura dominante, que as próprias vítimas não veem tais atos como brutalidade e crime. Além disso, a decisão do processo, julgada pela juíza Adriana Gatto da comarca de Franca, deixa explícito a normalização de comportamentos claramente nocivos para as mulheres, classe a qual a doutora faz parte, querendo ou não.
Logo, conclui-se que, ao julgar improcedente de processo o caso de Matheus Gabriel Braia, Adriana Gatto revela a influência a qual todas as classes minoritárias e marginalizadas da sociedades estão submetidas, podendo até mesmo lutar a favor de seus agressores. Percebe-se também a manipulação e minuciosamente planejada estratégia de manutenção da dominação das classes dominantes: fazer as classes marginalizadas acreditarem serem parte da nata do poder, lutando contra os seus próprios direitos, e acima de tudo, dignidade.
MATHEUS DE SOUZA LUSKO
TURMA XXXVIII
PERÍODO MATUTINO
1º ANO - 2º SEMESTRE
Nenhum comentário:
Postar um comentário