Em sua
obra epistemológica intitulada “O Discurso do Método’’, René Descartes disserta
sobre o que viria a ser uma das bases da ciência moderna pós século XVII, a
necessidade de duvidar dos conhecimentos já propostos. Segundo ele deve-se: “nunca
aceitar algo como verdadeiro que eu não conhecesse claramente como tal; ou
seja, de evitar cuidadosamente a pressa e a prevenção, e de nada fazer constar
de meus juízos que não se apresentasse tão clara e distintamente a meu espírito
que eu não tivesse motivo algum de duvidar dele” (p. 11).
Nessa
perspectiva, observa-se como esse conceito foi essencial para o desenvolvimento
do conhecimento sociólogo — restringindo
à analise a essa área do conhecimento,
seu método estende-se para outros campos do pensar —, pois possibilitou criticar
hipóteses preexistentes e formular novos entendimentos mais pautados na
verdade. Essa realidade fica evidente ao se constatar as reformulações sofridas
no positivismo de Augusto Comte, em que via a história das sociedades de
maneira linear, ou seja, de um estágio menos evoluído para um mais evoluído,
tomando como base comparativa a sociedade europeia. Tais afirmações carregadas
de preconceitos acabaram por justificar atitudes imperialistas sobre outros
povos, que só puderam ser desconstruídas a partir da dúvida que outros
sociólogos, como Durkheim, Weber e Marx tiveram desse pensamento.
Concomitantemente, com a reformulação dessas ideias etnocêntricas, surge o
Direitos Humanos como forma de contornar os pensamentos predecessores da Segunda Guerra.
Perante
essa conjuntura, fica evidente a importância do questionamento e da dúvida
sobre os conhecimentos de todas as ciências, pois há reformulações que são
imprescindíveis. Conquanto, essa dúvida deve ter como pilar o método
cientifico e a experiência aliada a razão, caso contrário, hipóteses como o terraplanismo podem tornar-se frequentes. Conclui-se, portanto, que o método de
absorção e produção de conhecimento deve ser feito com base na dialética entre Descartes e Francis Bacon, utilizando tanto os princípios básicos da razão cientifica
(duvida, separabilidade, ordenamento e detalhamento), bem como, negando os "ídolos" que nos levam a uma falsa percepção da realidade. Não se trata de um
problema trivial, mas adotando essa postura de dúvida e questionamento do
conhecimento, a idealização de Francis Bacon em tornar a ciência mais
utilitarista – seja sociologia e direito, como também nas demais áreas - dará
mais um passo para sua concretização.
Otávio Eloy de Oliveira - Noturno - 1º ano de Direito
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