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domingo, 8 de março de 2020

A importância do princípio da dúvida de Descartes aplicado na sociologia e seus impactos no direito


    Em sua obra epistemológica intitulada “O Discurso do Método’’, René Descartes disserta sobre o que viria a ser uma das bases da ciência moderna pós século XVII, a necessidade de duvidar dos conhecimentos já propostos. Segundo ele deve-se: “nunca aceitar algo como verdadeiro que eu não conhecesse claramente como tal; ou seja, de evitar cuidadosamente a pressa e a prevenção, e de nada fazer constar de meus juízos que não se apresentasse tão clara e distintamente a meu espírito que eu não tivesse motivo algum de duvidar dele” (p. 11).
    Nessa perspectiva, observa-se como esse conceito foi essencial para o desenvolvimento do conhecimento sociólogo —  restringindo ­à analise a essa área do conhecimento, seu método estende-se para outros campos do pensar —, pois possibilitou criticar hipóteses preexistentes e formular novos entendimentos mais pautados na verdade. Essa realidade fica evidente ao se constatar as reformulações sofridas no positivismo de Augusto Comte, em que via a história das sociedades de maneira linear, ou seja, de um estágio menos evoluído para um mais evoluído, tomando como base comparativa a sociedade europeia. Tais afirmações carregadas de preconceitos acabaram por justificar atitudes imperialistas sobre outros povos, que só puderam ser desconstruídas a partir da dúvida que outros sociólogos, como Durkheim, Weber e Marx tiveram desse pensamento. Concomitantemente, com a reformulação dessas ideias etnocêntricas, surge o Direitos Humanos como forma de contornar os pensamentos predecessores da Segunda Guerra.
    Perante essa conjuntura, fica evidente a importância do questionamento e da dúvida sobre os conhecimentos de todas as ciências, pois há reformulações que são imprescindíveis. Conquanto, essa dúvida deve ter como pilar o método cientifico e a experiência aliada a razão, caso contrário, hipóteses como o terraplanismo podem tornar-se frequentes. Conclui-se, portanto, que o método de absorção e produção de conhecimento deve ser feito com base na dialética entre Descartes e Francis Bacon, utilizando tanto os princípios básicos da razão cientifica (duvida, separabilidade, ordenamento e detalhamento), bem como, negando os "ídolos" que nos levam a uma falsa percepção da realidade. Não se trata de um problema trivial, mas adotando essa postura de dúvida e questionamento do conhecimento, a idealização de Francis Bacon em tornar a ciência mais utilitarista – seja sociologia e direito, como também nas demais áreas - dará mais um passo para sua concretização.

Otávio Eloy de Oliveira - Noturno - 1º ano de Direito


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