Com o avanço da tecnologia e dos meios de comunicação, o acesso
à informação se tornou muito mais simples. Porém, tal simplicidade nos colocou
em uma zona de conforto em relação ao nosso trabalho de buscar conhecimento,
visto que bastam poucos cliques para manter-se informado. Tendo diminuído o
exercício do pensamento, compromete-se a capacidade do homem de questionar a realidade,
acarretando, assim, a maior circulação de notícias falsas e o enfraquecimento
dos debates ideológicos.
Segundo o
filósofo Rene Descartes todo homem possui bom senso, isto é, a capacidade de
diferenciar o verdadeiro do falso de acordo com a forma como seu pensamento é
conduzido. Sendo assim, no contexto das fake news e do pensamento preguiçoso da
contemporaneidade, a pessoa que não procura confirmar a veracidade daquilo que
lê está fadada a criar fala perspectivas de vida e tomar decisões importantes
de maneira imprudente. Isso é exemplificado nas eleições de 2018, em que a
circulação de boatos negativos sobre a esquerda brasileira influenciou na
vitória de um candidato que defendia pontos de vista extremos e
preconceituosos.
Descartes
também afirma em sua obra “Discurso do método” que o indivíduo cujo raciocínio
é mais ativo tem o maior poder de convencimento por meio do diálogo. Logo, no
cenário atual de propagação da ignorância, a população de maneira geral carece
de argumentos concretos. Dessa forma, debates e discussões se tornaram
agressivos e extremos, contando com ofensas e generalizações. Tais debates
rasos foram muito recorrentes também no último processo eleitoral, na qual o
povo se viu obrigado a escolher entre duas ideologias opostas e conflitantes.
Portanto,
a era das redes sociais alimenta um quadro social de carência de informações
concretas e desestimula a busca pelo saber. Assim, a sociedade se encontra num
paradoxo: nunca se esteva tão bem informado e mau instruído ao mesmo tempo. Como
propõe o plano cartesiano, procurar questionar as informações diárias e estar
apto a aprender com as opiniões alheias deve ser o início do processo de
renascimento do pensamento contemporâneo, que nunca esteve tão fragilizado.
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