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domingo, 8 de março de 2020

Entre a demagogia e os ídolos: O poder da manipulação na sociedade midiática

Em países governados por líderes autocráticos, as ideologias e convicções da população não são relevantes, desde que o governo possa manipulá-las e utilizar-se dessas convicções a seu favor.  
Em primeiro lugar, é importante compreender que a identidade de um indivíduo é moldada e influenciada diariamente pela cultura do lugar em que vive, pela formação que teve e pelas pessoas com quem convive. Tal pensamento, relaciona-se com a Teoria dos Ídolos de Francis Bacon, em que os ídolos são a representação dos falsos fundamentos da mente humana que influenciam cotidianamente os pensamentos e as decisões de uma pessoa.  
Na teoria de Bacon, as crenças religiosas fazem parte dos ídolos do teatro, definidos pelo autor como as percepções oriundas de superstições, astrologia, religião, entre outras, e a formação do indivíduo, a educação e o modo que foi instruído a enxergar o mundo, faz parte do que foi definido pelo autor como os ídolos da caverna. 
Partindo desse princípio, e levando em consideração que vivemos numa sociedade do espetáculo, como definiu Guy Debord; é possível perceber como esses governos autocráticos formularam ao longo dos anos uma sociedade em que as relações sociais são intermediadas por imagens e que utilizam-se desses ídolos do teatro e da caverna para manipulação da população, através de veículos midiáticos. 
Utilizando o atual governo brasileiro como exemplo, em que a maioria dos ministros possuem formação acadêmica em universidades públicas — locais que são historicamente no Brasil referência no desenvolvimento de pesquisas científicas, projetos sociais e qualidade de ensino — é possível perceber que se aproveitam, principalmente de crenças religiosas, como meio de influência, ao invés de promover o conhecimento científico. 
A maior parte da população não utiliza das tecnologias e princípios dos métodos científicos de análise e averiguação, para comprovar as diversas informações a que são expostas ao longo do dia. Grande parte dessa falta de averiguação de informações, está ligada a má qualidade da educação brasileira, que não instiga os alunos a procurarem por evidências, que promovam o pensamento crítico. 
A junção do poder de persuasão dos ídolos do teatro e da caverna sobre as decisões humanas e a falta de pensamento crítico de grande parte da população, torna muitos indivíduos vulneráveis a acreditar nas falácias (premissas verdadeiras com uma conclusão falsa) que o governo divulga para justificar e explicar os diversos erros cometidos. Além de tentar convencer a sociedade de políticas públicas baseadas em religião e com pouquíssimo, ou até nenhum, fundamento científico e racional. 
Tais exposições tornam perceptível o processo de mercantilização do ensino superior, em que as universidades têm se afastado do pensamento crítico e de pensar educação e produção de conhecimento como possibilidade de emancipação, para pensar nesse espaço como meio de conseguir ascensão financeira e social.  
 Provavelmente, este é o caso de alguns dos ministros do governo bolsonarista, que ao invés de tentarem desenvolver o pensamento crítico da população e utilizar-se da ótima potencialidade que possuem as universidades públicas do Brasil, para desenvolver conhecimento que os auxiliem na criação de políticas públicas efetivas e com caráter social, aproveitam-se da situação para manipular a população para interesses próprios. 

Milena dos Santos Camargo - 1º ano Noturno  



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