Ao longo dos séculos, grandes pensadores uniram teorias para sistematizar o estudo da ciência moderna. Dentre os que se destacam, estão René Descartes, com o Discurso do Método, obra em que defende a razão e o questionamento para alcançar o saber efetivo; e Francis Bacon, elaborador de Novum Organum, que preconiza a experimentação como meio de explicação de fenômenos naturais. Infelizmente, nos tempos pós-modernos constatamos a descrença na ciência, que custou tanto tempo e esforço para ser fundamentada.
Com uma frequência alarmante, líderes políticos e personalidades questionam dados e explicações científicas para situações graves como o aquecimento global. No Brasil, observamos as críticas feitas por Olavo de Carvalho, filósofo terraplanista e guru do Bolsonarismo, que afirma serem “Bons tempos aqueles em que os idiotas acreditam em fadas e duendes. Hoje eles acreditam em aquecimento global e fumo passivo" (26/02/2016). É preocupante a influência que esse tipo de pensamento, sem embasamento científico, tem no governo de um dos países mais ameaçados pela emergência climática e um dos responsáveis pela conservação da maior floresta tropical do planeta. E sobre tal responsabilidade, não se percebe o menor esforço para cumpri-la. Pelo contrário, são nítidas as ações para viabilizar a exploração econômica dos recursos de que a floresta dispõe. Seria essa a ação do ídolo do foro, teorizado por Francis Bacon? Refletimos que sim, visto que a aceitação da ciência é prejudicada pela falsa percepção de mundo trazida pelo comércio e pelas relações políticas e econômicas.
São inúmeros os exemplos de questionamentos à ciência ao redor do mundo, muitos deles parecidos com os vistos no Brasil, como é o caso do presidente dos Estados Unidos, que simplesmente diz: “Eu não acredito". E mais uma vez, o governo de um país protagonista no cenário climático mundial se recusa a aceitar as constatações científicas de que o planeta está em crise.
Frente a essa realidade, paira a dúvida de como fazer a ciência se sobrepor a tantas repulsões. O fato é que não existe uma fórmula, o caminho dos que defendem a razão ante ao obscurantismo sempre foi difícil. Como afirmado por René Descartes, “Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis”. De toda forma, defender a ciência é imprescindível, para que a humanidade não se afunde mais uma vez na onda de misticismo da qual Descartes e Bacon se esforçaram para salva-la.
Lívia Mayara de Souza Rocha - 1° ano Direito matutino
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