O filósofo inglês Francis Bacon (1561- 1626), conhecido
também como “Pai do método experimental”, foi um grande defensor do empirismo
nos estudos científicos. Em busca de criar um “verdadeiro e extraordinário
progresso do saber” e reformar o conhecimento humano escreveu o “Novum
Organum”, onde expõe seu método. Devido sua forma de construir o pensamento,
era extremamente contra os filósofos clássicos, classificando a filosofia
aristotélica como estéril quanto a resultados práticos para vida do homem.
Assim, o verdadeiro filósofo natural, para Bacon, deveria acumular
sistematicamente o conhecimento, sendo este ativo e prático. Bem diferente do antigo
conhecimento filosófico que baseava-se na observação obediente da natureza. Essa
forma baconiana de pensar deve-se ao fato de o filósofo ter vivido em um
período pré revolução industrial, onde ideias inovadoras e tecnológicas
circulavam pela Inglaterra, incentivando maior participação ativa na natureza.
Portanto, a euforia industrial do momento reflete-se em uma de suas teorias
mais conhecidas, “Saber é poder”, sendo o saber a melhor forma de conquistar a
natureza, assim deixa de ser apenas um objeto de contemplação e começa a servir
o homem. Essa ideia foi usada durante décadas, porém começa a trazer consequências
ambientais na contemporaneidade.
Um exemplo brasileiro acerca do assunto é a expansão da
fronteira agrícola e pecuária para floresta amazônica. Esse processo se
intensificou em 2019 com intensas queimadas na região, onde apesar de
prejudicial a terra, a técnica é frequentemente utilizada para limpar áreas
desmatadas e torná-las agricultáveis. Ainda que usual, o método traz diversos
problemas ambientais, como diminuição da biodiversidade e destruição da reserva
de carbono. Esse comportamento irracional é resultado da falta de
questionamento sobre as possíveis consequências práticas do uso inadequado da
natureza, sendo a aplicação rigorosa do método de Descartes, como a dúvida e
revisão entre as relações metódicas, uma maneira de corrigir essa situação.
Portanto, o avanço humano sem o devido planejamento da utilização
dos recursos naturais provoca danos irreparáveis ao meio ambiente, causando grandes
problemas às futuras gerações. Assim sendo, a icônica frase “Saber é poder” e a
antiga euforia industrial devem dar lugar ao racionalismo ambiental do século XXI,
revelando que o verdadeiro saber não se baseia pela conquista da natureza e sim
pela colaboração harmoniosa entre o Homem e o meio natural.
Beatriz Adas Olacyr - 1º de Direito - Matutino
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