É fato que a maior crítica ao
sistema capitalista está na exploração da força de trabalho do proletariado. O
que está, pois, vacante na discussão é a natureza de tal força de trabalho. Sem
criar conjecturas e, portanto, usando o que há de inerente ao ser humano: o
trabalho é o que nos faz sobreviver. A associação do capital humano com o tempo
possibilita a sobrevivência da espécie, a transformação do meio em que vive e,
ainda, a geração riqueza.
Para não repousar na esfera
abstrata do trabalho humano, peço licença aos contratualistas, porquanto
gostaria de voltar a uma época equivalente ao Estado de Natureza. Repito que
não é minha intenção criar pressupostos, é notório, contudo, que em um passado
remoto da civilização humana, quando as pessoas viviam em pequenos grupos, um
ser individual, que se perdesse de sua família e que no meio da selva restasse
– ainda que, esse exemplo seja aplicável aos dias de hoje –, precisaria usar
sua força de trabalho e seu tempo para caçar, plantar, construir seu abrigo.
Concluímos, logo, que o uso da força de trabalho não seja algo socialmente
criado, mas algo intrínseco à natureza humana.
Outrossim, no socialismo científico
de Engels, o interesse do coletivo supera as liberdades individuais. Ora, por
quê? O uso do corpo e do tempo de vida é decisão una de quem a detém,
independentemente do meio em que vive. Livre é, pois, o indivíduo para vender o
que é de sua natureza: sua força de trabalho. Quando há uma coletivização
compulsória dos meios de produção, é suprimido o que há de natural no ente
individual.
Por fim, é preciso pontuar que o
ser que cerca a terra não é o que a detém, mas o que nela produz e aplica sua
força de trabalho, e nela cria laços o suficiente para produzir o que é
necessário para a manutenção das trocas voluntárias que ocorrem no mercado. Por
isso é que, as propriedades podem ser imutáveis, mas não seus proprietários:
detém-nas, sempre, quem as usa de acordo com o que é demandado pelo mercado. A
terra nunca é de alguém, mas sempre está sob posse de alguém, de forma
momentânea, é claro.
Pedro
Cabrini Marangoni – primeiro ano, noturno.
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