É um erro pensar, principalmente entre nós, jovens acadêmicos,
produzindo uma ciência humana baseada em pensamentos, ideologias, linhas
teóricas, que a ciência produzida dentro dos muros da Academia chega às pessoas
sobre as quais ela estuda. A universidade criou um nicho de pesquisas e
pesquisadores muito bem delimitado, que por diversas vezes restringe a
participação de indivíduos que burocraticamente não fazem parte daquele
habitat.
A partir de então, as consequências naturais desse
processo fundamentam-se no afastamento da grande massa social e na criação de
uma elite intelectual que detém esse tipo de conhecimento. Pensando de forma
ampla o conhecimento intelectual produzido nas universidades sempre foi algo
estruturado na elite social, disso não há dúvida. Hodiernamente, no entanto,
isso começou a ser debatido de forma mais copiosa, o que ainda não significa um
grande avanço na socialização do saber.
Para Marx, por exemplo, a sociedade é dividida em
classes sociais num sistema de oprimido/opressor, que baseia todas as relações
sociais que se apresentam. Na universidade não é diferente. Criou-se uma
espécie de divisão de classes do conhecimento que determina todas as relações
do saber – e, por conseguinte, do poder – estabelecendo, assim, uma hierarquia
entre quem sabe e quem não sabe.
Hoje, com esse conceito debatido de forma mais ampla,
quais são as medidas que estão sendo tomadas para desarraigar esse cenário e
criar, analogamente à Marx, um “socialismo do saber”? O que nós estamos fazendo
para abrir esse espaço de conhecimento a todos os interessados? São questões
como essas que devem alimentar nossa experiência dentro da universidade. Nós,
que temos o privilégio de poder estar em uma, possuímos o dever de procurar
meios de abrir esse espaço. Afinal, conhecimento que não se volta para a
sociedade não possui razão de ser.
Marina Ribeiro Christensen
1º Direito Noturno
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