Dentre os cognominados “clássicos da
sociologia”, Max Weber apresenta caracteres peculiares tanto em relação a Marx
quanto a Durkheim. Partindo-se de uma perspectiva geral apercebe-se que, se de
um lado Marx tinha o elemento de reduzir a análise da sociedade humana às
relações econômicas, Durkheim aprofundou-se em aspectos mais amplos para a
análise da sociedade. Weber aparece entre ambos com sua singularidade: é responsável
por uma apreciação crítica mais pragmática, sensata e realista do que a de Marx
quando da análise da sociedade como um todo, sendo, de certo modo, reducionista
quanto a questões mais particulares como se pretende aqui mostrar
correlacionando-se com a realidade histórica e hodierna.
Contrariamente à visão marxista, Weber
não teve sua visão conspurcada por uma análise sociológica puramente
materialista. Seu conceito lato de ação social viabiliza uma série de
interpretações a se atingirem acerca da realidade e, com o viso de tornar mais
aprofundada sua análise, subdividiu a conceituação de ação social em quatro
tipos específicos de cujo realismo é difícil duvidar-se. A iniciar-se pela
chamada ação social com relação a um valor, ora, são numerosos os exemplos de
ações que poderiam considerar-se, a partir apenas dos instintos humanos,
irracionais, mas que, na verdade, tornam-se concretas pela carga valorativa de
que são imbuídas. Vide o exemplo dos kamikazes durante a Segunda Grande Guerra,
ou então, o fenômeno mais recente amalgamado com o fundamentalismo islâmico de
homens-bomba ou ainda de quaisquer soldados que vão às guerras voluntariamente
na defesa de seus países ou de suas convicções, vejam-se os cruzados ou mesmo
os pracinhas brasileiros. Ademais, tem-se a ação social afetiva, fenômeno
historicamente encontrado com recorrência, lembre-se do caso de Inês de Castro
descrito por Camões em “Os Lusíadas”, no qual o rei português Dom Pedro I para
vingar a morte de sua amada torna-a rainha depois de morta. Outro exemplo foi o
caso do assassinato da socialite Ângela Diniz em marcante crime passional no
ano de 1976 revelando como as noções de Weber permaneceram presentes no
decorrer da história.
Assim também a ação tradicional possui
embasamento na realidade, factualmente se vê que os costumes de um país permanecem
fortemente arraigados tornando-se mesmo convenções. O costume de noivas se
casarem de branco é demonstrativo disso, não há nem em regulamentos religiosos
ou civis obrigação para isso, no entanto a força com que se impelem as pessoas
nesse sentido subsiste. Por fim, há a ação social racional com um objetivo;
vê-se que comumente os indivíduos recorrem àquilo que mais lhes parece facilitar
seus procedimentos vitais, assim como hoje existem recursos que se podem impetrar
nos tribunais contestando sentenças judiciais, foi possível em outras épocas
que se pedisse clemência ao soberano, em vista da racionalidade do ato, ninguém
iria de pronto recorrer àquilo que não lhe concedesse maiores resultados e não mantivesse
sua existência da forma mais viável possível.
Como se vê as relações entre o sentido da
ação e o agente são muito evidentes nessa subdivisão weberiana. Ocorre que, por
vezes, Weber fosse mais apegado a certo “reducionismo”. Seus argumentos em prol
da ideia de que o protestantismo teria impulsionado o “espírito do capitalismo”
podem ser considerados no sentido de que os grupos protestantes teriam
engendrado uma perspectiva menos opositora às questões mundanas. De fato,
observa-se que o protestantismo foi um dos primeiros passos, ainda que se
tratasse de um movimento religioso, de dessacralização da mentalidade que
advinha da Idade Média o que seria um contributo no desenvolvimento econômico.
Entretanto, a visão parece um tanto quanto inobservável quando comparada à
realidade social presente, pois países em que prepondera o Catolicismo como
Irlanda, Bélgica e França ou países de religião oriental como o Japão estão
entre os considerados mais desenvolvidos no quesito econômico atual. Pode-se
arguir que o espírito protestante teria penetrado nesses países, mas o que se
observa mesmo é uma série de outros fatores que não se resumem a essa visão de
mundo. A França, por exemplo, teve o ápice de seu desenvolvimento mercantil sob
o período do antigo regime. Weber como se verifica possui um pensamento cujas
nuances devem considerar-se para análise de sua obra, não se devendo, claro,
desqualificar seus contributos para o pensamento moderno e sua posição de um
dos sustentáculos da sociologia.
Gustavo
de Oliveira- 1º ano noturno
Nenhum comentário:
Postar um comentário