Karl Marx, o grande teórico da esquerda, dizia que enquanto o capitalismo se desenvolvesse ele estaria "cavando a sua própria cova", isso aconteceria devido à maior amplitude da desigualdade e consequentemente, da luta de classes. Todavia, podemos observar e analisar esse fenômeno com um prisma diferente.
A luta dos proletariados contra os que possuem os meios de produção claramente é um fato que persiste na sociedade pós moderna, com a organização de vários modos de resistência e de luta. Mas mais pertinente que isso é a luta dos proletariados contra a instituição Estado, a qual é dirigida e atende as demandas da classe burguesa. Nesse raciocínio e tomando o caso brasileiro como exemplo, o Estado tenta a todo custo precarizar a situação seja com a reforma da previdência ou da reforma trabalhista, e até mesmo com a "PEC do fim do mundo." Desse modo, o Estado comandado por uma elite burocrática(juízes, procuradores, senadores, deputados...) consegue prejudicar mais a vida do proletariado e dos mais pobres do que aqueles que detêm o meio de produção. Nesse contexto, a luta de classes seria uma luta entre a casta estatal super-privilegiada e os não privilegiados.
"Marx falava em uma suposta luta de classes entre capital e trabalho, mas estava errado. Economia não é um jogo de soma zero, e ambos podem ganhar com o aumento da produtividade. Mas existe uma luta de classes sim: aquela entre privilegiados do Estado e os demais, entre consumidores e pagadores de impostos. Como os recursos são escassos, a gestão pública precisa administrar conflitos de interesses." O excerto apresentado foi feito por um economista e retirado de um periódico brasileiro. Essa realidade proposta não seria mais palpável do que a abstrata luta entre a burguesia e o proletariado? Na realidade atual, a luta não seria dos não privilegiados contra a burocracia que atenta contra o bem estar brasileiro? Alguns argumentariam que o Estado é uma máquina operada e financia pela burguesia, além de que existe apenas para atender as demandas desta. Essa afirmação possui um fundo verdadeiro, mas não compreende a atual situação como uma totalidade. O Estado tornou-se tão forte que sua classe administrativa conseguiu emancipar-se, em partes, da sua classe financiadora. Desse modo, assumiu uma autonomia jamais observada na época em que Marx teorizou sobre o assunto, criando uma ramificação extremamente presente no Estado Moderno.
Assim, podemos concluir que a luta de classes na atualidade persiste no cotidiano de todos os países do mundo, mas agora possui um novo formato. Além da tradicional luta de burgueses x proletariados há a luta de privilegiados x não privilegiados. Logo, essa luta deveria receber uma maior atenção dos teóricos de todo o mundo, já que foi mais catastrófica em um curto espaço de tempo do que todos os atentados da burguesia.
Antonio Ricardo Carneiro Filho- 1º Ano Direito Noturno
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