"Como haver democracia em uma terra onde seu próprio povo não respeita e venera seus heróis". Esta frase, dita por um oficial da Polícia Militar, representa uma maneira de ver o desenvolvimento histórico como consequência de ações de pessoas iluminadas, líderes que guiariam a sociedade para o progresso. Segundo esta perspectiva, a abordagem histórica nos apresenta um imaginário repleto de Darios e Alexandres, Getúlio e Castelo Branco. Omite-se, assim, os sistemas de poder dos quais estas figuras históricas são representantes. A figura de "herói" é idealização, os sistemas de poder formam a base material.
Com o materialismo dialético, Marx & Engels propõem um novo olhar sobre a história humana: ela é a síntese de relações de forças antagônicas (tese e antitese). Getúlio Vargas seria o representante de um grupo descontente com a política do café com leite, assim como Castelo Branco seria o representante de um grupo que estava insatisfeito com as propostas do governo de João Goulart. Esta percepção histórica pode nos ser muito útil atualmente ao nos depararmos com o fenômeno Bolsonaro, uma vez que podemos analisar as condições materiais que levaram ao crescimento da figura do Bolsonaro enquanto "herói". Ou seja, antes de nos atermos em criticar a figura do Bolsonaro, convém compreendermos o seu público, as pessoas com quem ele dialoga, pois é por causa deste público que o fenômeno Bolsonaro existe. Antes de criticar a idealização Bolsonaro, compreender e criticar a base material: seu público.
Assim, ainda que o uso do materialismo dialético enquanto metodologia de previsão histórica seja arriscado, o seu uso como ferramenta de compreensão da realidade é necessário e urgente.
Aluno: Luiz Henrique de Moraes Mineli (Noturno)
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