Em uma colina, deitado sobre a grama, está Georg olhando as
nuvens naquele céu, tão azul quanto podia ser. Após horas e horas, ele escuta passos pesados e lentos subindo a
colina, mas nem dá muita atenção, o céu estava tão lindo aquele dia. Quando se
da conta, percebe que alguém está sentado do seu lado, mas não se preocupa em
olhá-lo, apenas respira fundo e...
- O que você está fazendo deitado ai? – pergunta o estranho
rapidamente, antes mesmo de Georg dizer “olá”.
- Olá para você também... Estou tentando entender algumas
coisas...
- Ah é? Que coisas? – Nossa, como o estranho falava rápido,
mal dava tempo de Georg respirar.
- É... Quem é você? – Georg já estava um pouco irritado com
a impaciência do estranho.
- Ah, desculpa, meu nome é Karl e você?
- Me chamo Georg.
- No que você estava pensando mesmo?
- Bom... Eu estou tentando entender como a realidade
funciona.
- Deitado ai?
- É, estou tentando achar uma forma racional para isso e um
jeito para organizar isso.
-Ah...E você já chegou em alguma coisa?
- Mais ou menos, mas creio que para pensar a realidade, é
preciso entender o ser, sabe?
- Como assim? – Karl parecia realmente interessado no
assunto, Georg até seu animou um pouco e virou levemente a cabeça para ver com
quem conversava.
- Eu penso que para entender a realidade, é preciso entender
a essência humana e como ela torna possível a existência de várias existências.
- Hum... mas onde fica a realidade nisso tudo?
- Pensando em uma vertente histórica, acredito que exista um
espirito absoluto, essa essência do ser que evolui com o tempo, modificando
essa história.
- Bom, eu penso um pouco diferente.
- Sério?
- Sim, levanta um pouco daí.
- Mas está tão gostoso aqui, por que você não deita?
- Porque daí você não vê nada, só o céu.
- Mas eu não preciso ver, eu consigo imaginar.
- Vai por mim, levanta logo daí.
Georg estranhou a persistência de Karl, e meio desconfiado
foi levantando com calma, e sentou do lado do estranho.
- Olha lá pra baixo, está vendo aquela fábrica no pé da
colina e aqueles comércios no centro da cidade?
- Estou sim.
- No meu ponto de vista, são as relações de produção que
moldam a realidade.
- Me explica melhor... – Georg ficou intrigado com a ideia
de Karl.
- No meu ponto de vista, não é o espirito, a consciência que
molda a realidade, mas a realidade que molda a consciência. Para mim cada etapa
histórica tem seu modo de produção, que molda a divisão do trabalho e
consequentemente, separa as classes, modificando assim a realidade.
- Nossa... Que jeito diferente de ver o mundo... – Apesar de
não concordar com Karl, Georg gostou de ouvir outro ponto de vista.
- Vamos lá embaixo e eu te mostro um pouco mais da minha
teoria e você me conta mais sobre a sua, quem sabe a gente consegue chegar em
um modo de organizar as ideias, o que acha?
-Ah, mas eu gosto tanto desse céu aqui...
E antes que Georg conseguisse levantar, Karl já estava
descendo a colina e gritou:
- Desce daí, saia do céu e vem para a Terra amigo!!!
MARIA CLARA AGUIAR, 1º ANO/NOTURNO
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